Estudo mostra que muitas crianças não estão recebendo vacinas por um infundado medo de autismo
Décadas de pesquisas mostraram que vacinas não causam transtornos do espectro autista (TEA). Mas o medo dessa conexão permanece. E um novo estudo publicado nesta segunda-feira (26) no Jama Pediatrics sugere que isso está fazendo com que famílias afetadas por autismo não vacinem suas crianças.
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Cientistas do braço de pesquisa da Kaiser Permanente, a maior organização de administração médica dos EUA e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) avaliaram os registros de vacinação de mais de 3.700 crianças que foram diagnosticadas com autismo aos cinco anos, de 1995 a 2010.
Eles compararam estas crianças a uma população controlada de 500.000 crianças nascidas durantes o mesmo período. E eles também avaliaram irmãos mais novos das crianças de ambos os grupos, que nasceram entre 1997 e 2014. Os registros foram adquiridos a partir de bases de dados estabelecidas pelo CDC para monitorar a segurança das vacinas.
“Houve grandes disparidades nas taxas de vacinação entre crianças com e sem transtornos do espectro autista, além de seus irmãos, por todos os grupos de idade”, disse o autor sênior Nicola Klein, diretor o Centro de Estudos de Vacinas do Kaiser Permanente, em um comunicado.
Especificamente, apenas 82% das crianças com transtornos do espectro autista com mais de sete anos de idade receberam as vacinas recomendadas para crianças de quatro a seis anos, comparado aos 96% do grupo controlado. E 84% receberam as vacinas de sarampo, caxumba e tríplice viral, comparados aos 96% de crianças sem autismo. Apenas 76% dos irmãos mais novos com autismo receberam as vacinas recomendadas, comparados aos 84% dos irmãos mais jovens sem autismo.
O estudo é o maior a sugerir que pais passam a ser mais cautelosos com vacinas depois que um de seus filhos recebem o diagnóstico de autismo. Uma pesquisa publicada em setembro do ano passado também descobriu que irmãos mais novos de crianças com autismo possuíam menos chances de serem vacinadas, e que os pais estavam mais propícios a reportar efeitos colaterais dos filhos que foram vacinados. Diferente no atual estudo, no entanto, ele determinou que taxas de vacinação não eram diferentes entre crianças diagnosticadas com autismo.
O atual estudo não diz exatamente o motivo que levam os pais a evitar a vacinação depois que um de seus filhos é diagnosticado, mas é possível que a conexão entre vacinas e os transtornos do espectro autistas sejam um dos motivos, dizem os pesquisadores. O estudo também não determina como convencer os pais do contrário.
“Nós precisamos entender melhor como melhorar os níveis de vacinação em crianças com transtornos do espectro autista e seus irmãos, para que eles possam se proteger por completo de doenças preveníveis com vacinas, “diz o coautor Frank DeStefano, um pesquisador do Escritório de Imunização do CDC.
É estimado que uma em cada 68 crianças nascidas hoje desenvolverá autismo durante a vida.
Imagem de topo: Damian Dovarganes/AP