Amando ou odiando, os patinetes elétricos estão tomando conta de várias cidades pelo mundo. Mas com vários relatos de pessoas se machucando gravemente com estes acessórios, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) decidiu dar uma olhada de perto no que está ocorrendo.
Os epidemiologistas da agência foram até Austin (Texas) e solicitaram dados do departamento de saúde pública e transporte para começar a trabalhar no primeiro estudo do tipo junto com a autoridade de saúde da cidade. A CNBC informou nesta sexta-feira (8) que as duas agências já concluíram a coleta de dados e agora estão compilando as informações.
Pelo menos aqui em São Paulo, onde tem patinetes disponíveis em algumas regiões da cidade, a conversa, por enquanto, está ainda no questionamento se as pessoas devem deixar patinetes em calçadas ou não — a prefeitura de São Paulo, inclusive, tem planos para recolher os que estiverem largados por aí. A última notícia sobre a regulamentação dos patinetes é um chamamento da prefeitura para as empresas se comprometerem com medidas de segurança e manutenção.
Voltando aos EUA, Jeff Taylor, gerente da unidade de epidemiologia e vigilância de doenças da autoridade de saúde pública de Austin, está trabalhando em colaboração com três epidemiologistas do estudo, segundo a CNBC. Embora o estudo esteja previsto para ser finalizado apenas na primavera no hemisfério Norte (entre setembro e dezembro), Taylor falou um pouco sobre algumas das observações iniciais do estudo.
Por exemplo, Taylor disse à CNBC que menos de 1% dos usuários de patinetes elétricos usam capacete — um problema que tem causado discussão entre legisladores dos EUA. Ele também disse que existe ainda um grande mal-entendido sobre acidentes com patinetes:
“Existe uma percepção de que lesões envolvendo patinetes ocorrem à noite. Bem, isso não é verdade”, disse. “Nosso estudo mostrará que estes incidentes ocorrem em todas as horas do dia. As pessoas também acham que tipicamente tem algum carro envolvido, mas nosso estudo mostra que o comum é que o usuário atinja algo na via ou eles simplesmente perdem o equilíbrio.”
O USA Today noticiou em dezembro que o foco do trabalho das agências são os dados de acidentes e entrevistas com pessoas que se lesionaram operando patinetes. A informação que eles juntaram — concentrado especificamente em incidentes que ocorreram entre setembro e novembro — tem como objetivo informar às cidades sobre as melhores formas de evitar lesões futuras.
Empresas do ramo, como Bird e Lime, disseram à CNBC que eles apoiam esse tipo de estudo. De fato, essas companhias pedem que os usuários usem os patinetes com segurança, embora a responsabilidade caia sempre nos condutores. E, na verdade, fazer com que as pessoas usem dispositivos de segurança, como capacetes, é algo bem difícil.
Um estudo publicado em janeiro no periódico JAMA (Journal of the American Medical Association) informa que fraturas e ferimentos na cabeça ocorreram em incidentes envolvendo patinetes, segundo dados da emergência de dois hospitais afiliados à UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) entre setembro de 2017 e agosto de 2018. É preocupante que um estudo observacional dos mesmos autores informar que menos de 5% dos condutores de patinetes usem capacetes durante as viagens.
Dito isso, e apesar de o fato ter desmistificado algumas concepções erradas sobre acidentes envolvendo patinetes, vai ser interessante também ver as conclusões do CDC sobre problemas inesperados e mal funcionamento dos patinetes.
[CNBC]