Evidências do 1º Homo sapiens da Europa são achadas em caverna francesa
A última aparição dos neandertais que habitavam regiões da Eurásia é datada entre 40 e 42 mil anos atrás. Coincidentemente, registros encontrados na Itália e Bulgária sugerem que os Homo sapiens chegaram ao continente europeu entre 43 e 45 mil anos atrás.
A proximidade das datas leva os cientistas a acreditarem que a extinção da espécie ancestral está relacionada à chegada dos humanos modernos. Mas essa concepção pode estar errada.
Uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade Toulouse-Jean Jaurès, na França, encontrou um dente de Homo sapiens na caverna francesa Grotte Mandrin, no Vale do Rhône, datado em 54 mil anos. O molar infantil é a evidência mais antiga de humanos modernos na Europa, e sugere que a espécie coexistiu por um longo período de tempo com os neandertais.
Isso porque, na mesma caverna, também foram encontrados oito dentes que pertenciam aos neandertais. Pode-se dizer que as evidências arqueológicas foram retiradas de diferentes camadas da terra, e cada camada indica uma época. O estudo completo foi publicado na revista Science Advances.
Os arqueólogos não sabem dizer se Homo sapiens e neandertais dividiram espaço na caverna, por exemplo. Porém, os achados sugerem que eles alternavam a ocupação.
Foi assim: os humanos modernos parecem ter passado dois mil anos no local, que depois foi desocupado. Então, os neandertais assumiram o posto por milhares de anos. Há 44 mil anos, os humanos modernos parecem ter retornado e ficado por lá.
Em 2010, a ciência descobriu que os humanos modernos carregavam uma pequena quantidade de DNA neandertal, o que indica que houve cruzamento entre espécies. Mas o molar francês ainda não passou por exame genético para conferir se ele é fruto da procriação entre grupos.
Além do dente, também foram encontradas na mesma camada ferramentas de pedra que parecem remeter ao Homo sapiens. Mesmo assim, há quem fique com um pé atrás frente a pesquisa.
William Banks, arqueólogo da Universidade de Bordeaux, na França, não envolvido no estudo, disse à Nature que não está convencido com o estudo. Para ele, as ferramentas podem ser invenções locais, enquanto os dentes, que não passaram por análise genética, podem ser apenas parecidos com os de humanos modernos.