Experimento com gás tóxico em ratos abre caminho para tratamentos de doenças mentais

Ao identificar o H2S como uma das causas principais de disfunções, os cientistas poderiam desenvolver novos tratamentos e medicamentos.
Crédito: Pixabay

Por meio de experimentos realizados com ratos, pesquisadores do Reino Unido e dos Estados Unidos descobriram que algumas doenças cerebrais, como demência e epilepsia, podem estar relacionadas à presença de um gás tóxico no cérebro.

O gás em questão é o sulfeto de hidrogênio (H2S), que os autores do novo artigo suspeitam que esteja envolvido no bloqueio na entrada de uma célula essencial que ajuda o cérebro a se comunicar de forma eficaz.

O estudo, publicado na Scientific Reports, foi conduzido por cientistas da Universidade de Reading, da Universidade de Leeds — ambas no Reino Unido — e da Universidade John Hopkins, nos EUA. Em um comunicado divulgado pelas instituições, Mark Dallas, professor associado de Neurociência Celular na Universidade de Reading, explicou que o sulfeto de hidrogênio causa uma disrupção no funcionamento normal dos canais de potássio.

De acordo com ele, esses canais são responsáveis por regular a atividade elétrica nas conexões entre as células do cérebro. Quando ocorre o bloqueio pelo H2S, as células ficam sobrecarregadas, resultando na morte do nervo cerebral.

Daí a importância do estudo. Ao identificar o H2S como uma das causas principais de tais disfunções, os cientistas poderiam desenvolver tratamentos e medicamentos com foco na produção desse gás no cérebro. Segundo Dallas, já existem ligações claras entre o acúmulo de sulfeto de hidrogênio e sinais de doenças como o Alzheimer.

Para o estudo, os pesquisadores coletaram células cerebrais de ratos e as carregaram com moléculas de H2S. Após monitorarem os sinais elétricos, eles descobriram que a exposição ao sulfeto de hidrogênio aumentou a atividade das células e que este efeito era controlado especificamente pelo canal de potássio testado.

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No experimento, os cientistas também utilizaram uma mutação do canal de potássio que já havia se mostrado capaz de proteger as células nervosas de uma série de estímulos tóxicos, incluindo a proteína beta-amiloide (associada à doença de Alzheimer). O resultado foi que essa mutação também se mostrou resistente aos efeitos do H2S produzido por células naturais.

A partir dessas observações, os autores do estudo pretendem se dedicar a mais pesquisas com foco principalmente à doença de Alzheimer para entender como as mutações podem auxiliar no tratamento de doenças relacionadas à proteína beta-amiloide.

[ScienceBlog]

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