As reportagens publicadas pelo Guardian e New York Times durante o final de semana revelaram que o Facebook foi negligente com os dados de 50 milhões de usuários. Apesar da companhia afirmar que a Cambridge Analytica quebrou as regras de uso de informações dos usuários, não houve uma verificação ativa de que os dados obtidos por meio de uma brecha foram de fato deletados conforme solicitado pela rede social.
• Como empresa de redes sociais explorou brecha do Facebook e coletou dados de 50 milhões de usuários
• Facebook diz que vai auditar empresa de redes sociais que explorou brecha
• Por que não é uma boa ideia sair fazendo testes do Facebook
Além disso, só cerca de 270 mil usuários concordaram ativamente em compartilhar dados de seus perfis com o aplicativo “thisisyourdigitallife”, desenvolvido por Aleksandr Kogan e utilizado pela CA. Essa autorização é aquela que concedemos quando conectamos aplicativos aos nossos perfis do Facebook, desde o login no Spotify ou testes engraçadinhos para compartilhar com amigos.
O problema dessas conexões é que, geralmente, pouco se sabe sobre como as informações coletadas de nossos perfis são utilizadas. No caso do teste “como você seria se fosse do gênero oposto?”, que viralizou na rede social em fevereiro, o app puxava o seu nome, imagem de perfil, data de nascimento, todas as fotos publicadas, lista de amigos e suas informações de contato; os termos de uso indicavam que, ao utilizar o aplicativo, você concedia o direito de uso de sua imagem em outros produtos.
Como aponta a EEF, o Facebook permitiu que terceiros violassem a privacidade dos usuários em uma escala sem precedentes, e enquanto legisladores e reguladores ainda não definem regras e limites sólidos, somos nós, os usuários, os responsáveis por garantir que nossos perfis não sejam utilizados para interesses alheios.
Sair completamente do Facebook não é uma solução plausível para muitos de nós, então montamos um guia rápido para você assegurar o máximo de controle sobre seus próprios dados – muito embora o Facebook e outras grandes corporações de tecnologia sejam pouquíssimo transparentes sobre nossos próprios dados.
Verifique as permissões de aplicativos
É uma boa ideia dar uma olhada em quais aplicativos você conectou ao seu Facebook ao longo do tempo. Para isso, entre no Facebook e vá até a página de Configurações de Apps (Clique na setinha no canto superior direito > Configurações > Aplicativos na barra lateral). Pelo celular, vá até o menu hambúrguer (aquelas três barrinhas), acesse Configurações > Configurações da Conta > Aplicativos.
Dê uma olhada nos apps autorizados e clique no ícone “X” daqueles que você não usa mais ou desconhece. Vale a pena clicar no ícones de lápis para editar as permissões de aplicativos que você ainda usa.
Não permita que aplicativos acessem os seus dados
A partir dessa mesma página de configurações de aplicativos, você pode definir que empresas não vejam suas informações pessoais. Para isso, clique no botão “Editar” na caixa “Aplicativos, sites e plug-ins“, que fica na parte inferior da página. Depois, clique em “Desativar Plataforma“.
O recurso impede as integrações do Facebook em aplicativos ou sites de terceiros. Caso isso não seja prático para você, tente ao menos limitar quais informações serão compartilhadas. Em “Aplicativos que outras pessoas usam“, clique em “Editar“. Depois, escolha quais itens você está disposto a compartilhar ou não.
Remova os seus dados já coletados
Revogar o acesso de aplicativos de terceiros não significa que seus dados não estarão mais disponíveis para eles, apenas que não serão atualizados. Entre em contato com o desenvolvedor do aplicativo e peça para remover suas informações.
Pode parecer complicado, mas dentro do próprio Facebook é possível fazer isso. Clique no aplicativo dentro das Configurações e veja nas letrinhas pequenas (na parte inferior da caixinha) o link “Denunciar aplicativo“. Então, selecione a opção “Desejo enviar minha própria mensagem ao desenvolvedor“. Escreva uma mensagem pedindo a remoção dos seus dados.
Por falta de regulamentação, não há garantias que eles irão, de fato, apagar tudo sobre você.
Leia os termos de uso
Antes de conectar aplicativos com o seu Facebook, leia os termos de uso descritos na política do desenvolvedor. Se você não quiser passar muito tempo lendo aquele texto pesado, pesquise dentro do texto (Ctrl + F ou Command + F) por termos chave como “dados”, “Facebook”, “redes sociais”, “mídias sociais”, “informações pessoais”. Dependendo do aplicativo, você terá que fazer essas pesquisas em inglês.
Vale a pena ler os termos de uso dos aplicativos que você escolheu deixar conectados.
Estamos falando do Facebook, mas é importante seguir todos esses passos em todas as suas redes sociais.
Impeça que o Facebook te rastreie
O Facebook também fica de olho no que você faz na internet como um todo, não só quando está utilizando a rede social ou dentro de um aplicativo conectado com ele. Você pode limitar isso visitando a Página de Anúncios. Navegue até “Configurações de anúncios” e desabilite tudo, incluindo “Anúncios baseados no seu uso de sites e aplicativos” e “Anúncios em aplicativos e sites de empresas que não sejam do Facebook“.
A maioria das opções de privacidade garante aquilo que aplicativos de terceiros poderão ou não coletar sobre você e pouco afeta o que o Facebook em si armazena. De qualquer forma, se deletar a conta não é uma opção para você, tente limitar ao máximo os registros deixados para trás. É uma boa ideia, inclusive, deletar o aplicativo do seu celular e usar a versão web – além de fazer bem para a privacidade, economiza bateria.
Imagem do topo: David Nield/Gizmodo