Facebook investiga se empresa Crimson Hexagon usou dados de usuários para vigilância estatal

Em um comunicado aos investidores em abril, o Facebook sinalizou que poderiam ter outros casos à la Cambridge Analytica. Não está nada confirmado, mas apareceu uma outra empresa suspeita de abusar do uso de dados de usuários da rede. A rede social anunciou nesta sexta-feira (20) que vai investigar a empresa de análise de dados […]

Em um comunicado aos investidores em abril, o Facebook sinalizou que poderiam ter outros casos à la Cambridge Analytica. Não está nada confirmado, mas apareceu uma outra empresa suspeita de abusar do uso de dados de usuários da rede.

A rede social anunciou nesta sexta-feira (20) que vai investigar a empresa de análise de dados Crimson Hexagon por supostamente ter ajudado na criação de um sistema de vigilância estatal — enquanto isso, o acesso da companhia à rede social foi suspenso. De acordo com o Wall Street Journal, a companhia agregou vários dados de posts públicos no Facebook e no Twitter para medir a “opinião pública” em uma série de temas. Além disso, a Crimson Hexagon mantinha contratos com agências do governo de vários países.

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Não existe problema em analisar dados públicos. A questão nesse caso, e é o que o Facebook está investigando, é se esses dados coletados foram usados para algum tipo de vigilância. Em março de 2017, o Facebook proibiu o uso de dados para vigilância governamental, após pressão de grupos que advogam pela privacidade e pela proteção do direito ao protesto.

A tal companhia mantinha contratos com o Departamento de Estado dos EUA, o Serviço Secreto dos EUA e uma empresa russa sem fins lucrativos chamada Civil Society Development Foundation.

O Wall Street Journal tentou verificar, por exemplo, se o governo dos EUA estava monitorando atividades ligadas ao Estado Islâmico, mas não achou nada. No entanto, foi descoberto que um dos serviços feitos pela Crimson Hexagon foi monitorar a popularidade do presidente russo, Vladimir Putin, e um outro contrato incluía checar opiniões sobre o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, após ele desativar o Twitter em 2014 no país.

Pesa ainda contra a Crimson Hexagon um problema ocorrido em 2016. Na época, ao coletar dados do Facebook, a companhia passou a receber dados privados vindos do Instagram.

Em resposta a uma solicitação da CNN, um porta-voz do Facebook disse que “nós não permitimos que desenvolvedores criem ferramentas de vigilância usando informações do Facebook ou Instagram.”

Chris Bingham, da Crimson Hexagon, escreveu no site da companhia que a empresa usa apenas posts públicos, que eles têm pouquíssimos contratos com governos e em nenhuma circunstância usaram os dados para propósitos de vigilância.

Uma das diferenças da Cambridge Analytica com esse novo caso é que a companhia britânica tinha conexões obscuras e usava funcionários estrangeiros para trabalhar no processo de eleições nos Estados Unidos. A Crimson Hexagon é uma companhia mais tradicional, pois recebeu investimento de companhias de capital de risco e conta com uma série de parcerias.

[WSJ e BBC]

Imagem do topo: Getty

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