Parece que o Facebook compartilhou mais dados de usuários do que imaginávamos. O Wall Street Journal noticiou na última sexta-feira (8) que a rede social cortou acordos com uma série de companhias por fornecimento de dados de usuários e dos amigos deles, mesmo após a mudança de política que prevenia os apps de obterem essas informações.
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De acordo com a reportagem, o Facebook tinha acordos com uma série de corporações para fornecer dados de amigos dos seus usuários. A informação entregue a essas companhias incluía detalhes como números de telefone e uma métrica chamada “friend link”, que determina o nível de comunicação e conectividade que havia entre os usuários e seus amigos.
A não comunicação desses acordos significa um buraco na imagem que a rede social tem tentado emplacar desde 2014 de que defende os interesses do usuários e que é voltada para o usuário. Nesse ano, o Facebook cortou significante acesso de acesso que os desenvolvedores tinham para obter dados de usuários, incluindo a restrição completa da habilidade de pegar dados de amigos do usuário sem o consentimento deles.
Antes de 2014, o Facebook permitia que desenvolvedores de app pegassem uma quantidade significante das pessoas sem a permissão delas — uma política que a companhia desde então tem sido alvo de escrutínio por causa do escândalo da Cambridge Analytica. A empresa britânica de dados políticos comprou informação de mais de 87 milhões de usuários — esses dados foram todos coletados por meio de um app do Facebook sem o consentimento dessas pessoas.
O Facebook supostamente percebeu o erro e desligou a funcionalidade que permitia que dados de amigos pudessem ser coletados. Citando documentos judiciais, funcionários e pessoas relacionadas ao assunto , o Wall Street Journal noticiou que o Facebook tinha contratos com o Royal Bank of Canada e Nissan — ambas anunciantes da plataforma — e a Nuance Communications, que na época trabalhava criando peças publicitárias para a Fiat. Os acordos eram completamente separados do programa de compartilhamento de dados que o Facebook mantinha com fabricantes de smartphone, que a companhia revelou nessa semana que passou.
A rede social concordou com esses acordos e eles duraram entre semanas a muitos meses. No entanto, a companhia tentou minimizá-los. “À medida que diminuíamos [o acesso] ao longo do ano, havia um pequeno número de companhias que pediram extensões de curto prazo, e que trabalhamos com elas nisso.”, disse Ime Archibong, vice-presidente de parcerias de produto do Facebook, ao WSJ. “Mas além disso, nós desligamos tudo.”
De acordo com o WSJ, o Facebook internamente chamava esses acordos de “whitelists”, o que pode ser um pouco da impressão que a empresa tinha sobre esses acordos. Colocar alguém nessas listas tipicamente significa fornecer acesso que eles normalmente não teriam. Na época, o Facebook cortou a possibilidade de desenvolvedores obterem dados de amigos. Essas companhias estavam autorizadas a conseguirem essas informações. Dificilmente um acesso é cortado quando tem algum dinheiro envolvido.
Imagem do topo: Getty Images