Facebook volta a aceitar vídeos de decapitação; nudez continua proibida
No Facebook, toda nudez será castigada, ou pelo menos banida. Quer postar decapitações, no entanto? Vá em frente! Seis meses depois de proibir vídeos deste ato horrível e explícito, o Facebook decidiu (mais uma vez) voltar atrás.
Em maio, o Facebook foi obrigado a definir uma política sobre decapitações, quando o Family Online Safety Institute reclamou que esses vídeos horríveis estavam facilmente disponíveis para os usuários – muitos extremamente jovens.
Inicialmente, o Facebook defendeu esse tipo de vídeo, e disse que queria “preservar o direito das pessoas em descrever, retratar e comentar o mundo em que vivemos”. No entanto, a empresa rapidamente cedeu à pressão e proibiu esse tipo de vídeo.
Mas agora, o Facebook considerou adequado um vídeo da semana passada com o título “Desafio: alguém consegue assistir a este vídeo?”. Ele mostra uma mulher sendo decapitada, aparentemente no México, por trair um grupo de traficantes. E o vídeo continuará disponível. Eis o que a rede social disse à BBC:
O Facebook é, há um bom tempo, o lugar onde as pessoas compartilham suas experiências, particularmente quando elas estão conectadas a eventos controversos, tais como violações de direitos humanos, atos de terrorismo e outros eventos violentos. As pessoas estão compartilhando este vídeo no Facebook para condená-lo. Se o vídeo estivesse sendo celebrado, ou se as ações fossem incentivadas, nossa abordagem seria diferente.
No entanto, como algumas pessoas se opõem à natureza gráfica deste vídeo, estamos trabalhando para dar às pessoas mais controle sobre o conteúdo que eles veem. Podemos avisá-los com antecedência se a imagem que elas estão prestes a ver possui conteúdo gráfico.
Ou seja, o vídeo chegou para ficar. Talvez o Facebook implemente um aviso de que ele contém violência explícita, ou talvez não. Mas ele pode ser altamente prejudicial para alguns usuários do Facebook, muitos dos quais são muito jovens. Além disso, as restrições de idade do Facebook são notoriamente fáceis de contornar.
Um porta-voz do Facebook nos ofereceu mais explicações sobre a postura da rede social em relação a conteúdo violento:
Um exemplo que realmente explica a situação ocorreu ainda este ano. Foi o bombardeio na maratona de Boston, e havia um rapaz cujas pernas foram arrancadas. Se tivéssemos uma postura mais conservadora, a imagem não teria sido permitida no site.
O que queremos é dar às pessoas o equilíbrio certo para controlar o que elas veem. Estamos definitivamente cientes de que esta não é a política perfeita. Estamos sempre tentando melhorar.
Pelo visto, há um grande problema com as regras do Facebook. Estes dois casos são muito diferentes: uma foto de feridos na maratona de Boston, e um vídeo de uma mulher sendo decapitada. No entanto, ambos caem sob a mesma política. As diretrizes não são sutis o bastante para lidar com a amplitude e a diversidade do conteúdo postado pelos usuários.
O porta-voz do Facebook nos garantiu que “para fazer cumprir essa política, temos de olhar para além do vídeo ou da própria imagem. Nós olhamos para o que está ao redor desse conteúdo”. Isso significa likes, comentários e compartilhamentos. Mas a julgar pelas quase 18.000 notas deixadas na imagem acima, isso é uma tarefa quase impossível. E mais importante, a discussão sobre possíveis danos emocionais vai permanecer, seja produtiva ou não.
Por enquanto, o Facebook continuará a determinar a liberdade de expressão caso a caso. [BBC]