Facebook vai diminuir alcance de perfis que compartilham mentiras
O Facebook anunciou na última quarta-feira (26) uma série de medidas ainda mais rígidas para perfis que compartilham informações falsas com frequência na plataforma. Além disso, a rede social divulgou um relatório sobre remoção de contas que aponta para mais de 700 perfis apagados na rede social aqui no Brasil, alguns deles associados ao governo de Jair Bolsonaro.
Até então, postagens individuais que entravam na mira do Facebook como conteúdo falso só eram removidas depois que parceiros da rede social checavam os fatos. O problema é que essa verificação poderia demorar tempo suficiente para que o conteúdo falso se espalhasse por comunidades e perfis do Facebook, além de haver pouco incentivo para que os usuários não compartilhassem aqueles posts.
A partir de agora, usuários que publicarem repetidamente conteúdos considerados falsos não terão seus perfis bloqueados ou deletados, mas serão notificados pelo Facebook. Os posts dessas contas terão o alcance reduzido de forma drástica e vão incluir link para verificação de fatos, com a possibilidade de deletar o post. Membros do Facebook que tentarem seguir essas páginas também verão alertas sobre as contas infratoras.
Se o dono do perfil deixar de publicar links marcados como falsos, o alcance da conta volta ao normal gradativamente. Mas se voltar a fazer esse tipo de publicação, o sistema de alertas entrar em vigor mais uma vez.
A companhia não especificou quantas postagens seriam necessárias para que essa redução do alcance seja aplicada. Segundo o Facebook, essa informação não será divulgada para evitar que usuários mal intencionados consigam driblar os mecanismos de checagem. No entanto, declarou que o serviço se baseia em um sistema semelhante ao que foi usado no ano passado para derrubar páginas que publicavam conteúdo conservador e teorias da conspiração.
Facebook removeu 714 perfis no Brasil
Em um relatório divulgado nesta quarta-feira (26), o Facebook detalhou quantos perfis foram apagados da rede social por fazerem parte do que a empresa chama de “operações de influência” — algo que a companhia descreve como um conjunto de “esforços coordenados para manipular ou corromper o debate público visando a um objetivo estratégico”. Não se trata apenas do que é postado na plataforma, mas sim do comportamento de quem faz a postagem.
O Facebook diz no relatório que os perfis excluídos tinham origens distintas, podendo ser páginas que compartilhavam notícias falsas, políticos, grupos conspirativos e os próprios perfis pessoais dos usuários. Todas as contas propagavam conteúdos falsos, e muitas delas usavam nomes e fotos irreais para espalhar boatos. Essa prática é considerada ilegal, segundo as diretrizes de uso do Facebook.
De 2017 a 2020, o Facebook removeu exatamente 714 perfis no Brasil por manipularem os usuários. Desse total, 323 eram de contas de usuário; 235 de páginas; 81 de grupos; e 69 de perfis no Instagram, que também foi objeto de estudo no relatório. Pelo menos sete ações distintas foram movidas para deletar esses perfis enganosos, alguns deles ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ao Partido Social Liberal (PSL), antiga sigla do presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido.