Facebook guarda registro de ligações e mensagens de texto no Android

O Facebook tem um registro bem detalhado das ligações e mensagens de texto que você trocou no Android. E você pode ver tudo o que a rede social coletou ao baixar uma cópia de seus dados do Facebook, disponível nas configurações da rede social. Depois da novela com a Cambridge Analytica, algumas pessoas quiseram dar uma […]

O Facebook tem um registro bem detalhado das ligações e mensagens de texto que você trocou no Android. E você pode ver tudo o que a rede social coletou ao baixar uma cópia de seus dados do Facebook, disponível nas configurações da rede social. Depois da novela com a Cambridge Analytica, algumas pessoas quiseram dar uma olhada no que estava sendo coletado pela companhia e descobriram meses de logs de telefonemas e SMS – entre as informações armazenadas estavam o nome do contato, número de telefone e duração da chamada.

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Os usuários apontam que nunca permitiram expressamente que o Facebook coletasse esses dados. A rede social, por outro lado, afirma que desde 2015, quando introduziu a funcionalidade, pede permissão dentro app Messenger e Facebook Lite. O envio desses dados serve para “encontrar mais facilmente as pessoas com quem você deseja se conectar” – em outras palavras, alimenta o algoritmo de recomendações de amigos.

O ArsTechnica aponta que a permissão não era tão explícita assim, especialmente nas versões mais antigas do Android que lidavam de maneira mais flexível com as permissões dos aplicativos. Se um usuário concedeu a permissão de leitura de contatos durante a instalação do app do Facebook em algum dispositivo com Android 4.0 Ice Cream Sandwich ou anterior, o acesso a registros de ligações e mensagens estava liberado por padrão.

A estrutura de permissões do Android foi alterada a partir do Android 4.1 Jelly Bean, mas alguns apps contornavam a mudança utilizando o código baseado em APIs antigas do sistema do Google – assim, os aplicativos continuavam acessando dados. A reportagem indica que o Google descontinuou a API 4.0 do Android em outubro de 2017 – e foi neste momento que os metadados pararam de ser coletados, como relatam os usuários.

Você pode descobrir se o seu registro de ligações e mensagens foi armazenado pelo Facebook indo até as Configurações (pelo navegador web) e clicando na opção “Baixar uma cópia dos seus dados do Facebook.” Alguns minutos depois um email será enviado com um link para fazer o download de um arquivo ZIP. No meu caso, o arquivo contém 408 MB.

O Facebook indica que os usuários podem deixar de compartilhar informações a qualquer momento desligando a opção dentro do aplicativo. A partir desta página é possível ver quais contatos foram enviados a partir do Messenger e deletar algumas informações.

Esse padrão de coleta de registros de SMS e ligações não foi constatado em usuários com dispositivos iOS. Como indica o The Verge, a Apple permite que alguns aplicativos acessem dados de forma limitada para bloquear ligações ou mensagens SPAM, mas é preciso que os apps sejam explicitamente liberados pelos usuários. O aplicativo do Facebook no iPhone e iPad não consegue capturar esse tipo de informação.

Em uma publicação oficial divulgada neste domingo (25), o Facebook reiterou que o compartilhamento de dados é opcional, mas não esclarece exatamente como as informações coletadas são utilizadas. Além disso, os usuários que descobriram os logs no arquivo ZIP afirmam que nunca permitiram explicitamente o que Facebook acessasse as informações.

Tecnicamente falando, o recurso é, de fato, opcional e é preciso autorizar de antemão. No entanto, é durante a instalação do aplicativo do Facebook que se concede as permissões – não há uma notificação separada avisando sobre a coleta desses registros.

Em 2016, o Facebook foi criticado pela maneira que apresentava a opção de trocar SMS por meio do aplicativo Messenger. Ao abrir o app, o usuário lia uma descrição sobre centralizar suas mensagens em um só lugar e encontrar amigos e havia apenas um botão “OK” para aprovar o acesso.

Apesar dos pedidos de desculpas e dos anúncios nos jornais, o Facebook terá que explicar melhor o que está fazendo os dados de seus usuários. Mais importante ainda, precisará devolver o poder para que as próprias pessoas decidam sobre suas informações.

Imagem do topo: AP/Eric Risberg

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