Facebook diz que posts criticando primeiro-ministro da Índia foram bloqueados por um “erro”

Hashtag criticando Narendra Modi pela gestão da pandemia de Covid-19 na Índia teria sido derrubada por engano na rede social.
Imagem: Prakash Singh/AFP (Getty Images)
Uma paciente com covid-19 que respira com a ajuda de oxigênio, em uma tenda instalada na estrada em Ghaziabad, na Índia. Imagem: Prakash Singh/AFP (Getty Images)

O Facebook informou ao Gizmodo US que, devido a um “erro”, postagens criticando o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foram bloqueadas nesta quarta-feira (28) na rede social. No entanto, a empresa não forneceu detalhes do tal erro, nem o motivo que levou à censura de conteúdos com a hashtag #ResignModi. Na verdade, a companhia está bastante cautelosa em relação ao bloqueio.

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“Nós bloqueamos temporariamente esta hashtag por engano, não porque o governo indiano nos pediu. Desde então, restauramos a hashtag”, disse um porta-voz do Facebook ao Gizmodo por e-mail. O representante não quis ser identificado, e ainda acrescentou que “a hashtag foi bloqueada por engano devido a algum conteúdo associado a ela”.

Qual conteúdo bloqueou a hashtag? O Facebook não disse. A empresa também não respondeu às perguntas do Gizmodo sobre se o conteúdo foi sinalizado por moderadores humanos ou se foi detectado por seus sistemas automatizados de checagem e moderação.

Na semana passada, o governo da Índia já tinha ordenado que o Twitter bloqueie tweets que criticam a forma como Modi tem conduzido a gestão na pandemia, embora o Facebook insista que seu bloqueio temporário não foi um pedido do governo indiano.

A censura da hashtag no Facebook, relatada pela primeira vez pelo BuzzFeed News, ocorre no momento em que o primeiro-ministro da Índia recebe críticas generalizadas por não tomar providências de combate à pandemia de covid-19.

Há cerca de uma semana, a Índia tem sido o país mais afetado pelo coronavírus no mundo, registrando recorde de mortes e novos casos. Só nas últimas 24 horas, foram 3.645 óbitos e quase 380 mil novos casos nas últimas 24 horas, segundo dados do governo indiano e da plataforma “Our World in Data”, da Universidade de Oxford. Até agora, pelo menos 18,3 milhões de pessoas testaram positivo para a doença na Índia, que já registrou mais de 201 mil mortes. Os dados são da Universidade Johns Hopkins.

Os Estados Unidos e outras nações se comprometeram a ajudar a Índia; US$ 100 milhões (cerca de R$ 536 milhões) do governo de Joe Biden devem chegar ao país ainda hoje (29) na forma de oxigênio. A falta de oxigênio no país é apenas um dos muitos perigos que o povo da Índia enfrenta à medida que cresce o número de mortos.

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Além disso, muitas vacinas contra covid-19 não são gratuitas para todos na Índia, dificultando a imunização em massa da população. Segundo a BBC, menos de 10% dos quase 1,4 bilhão de indianos receberam a primeira dose de qualquer vacina, e apenas 1% recebeu duas doses para completar o processo de vacinação. Soma-se a isso outro problema: a Índia é o maior produtor mundial de vacinas, e muitas delas acabam sendo exportadas em vez de serem aplicadas nos próprios cidadãos.

Mesmo com números alarmantes, o primeiro-ministro indiano diz que os bloqueios no país e medidas de distanciamento social devem ser vistos apenas como último recurso — algo que ele sinalizou não ter acontecido ainda. “Se seguirmos todos os protocolos, não haverá necessidade de impor bloqueios”, disse Modi na semana passada.

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