Facebook desmantela rede de fake news com perfis que usavam fotos geradas por IA
O Facebook interrompeu uma central de fake news pró-Trump, que tinha como característica usar como fotos de perfis imagens geradas por inteligência artificial.
O desmantelamento da rede de contas fakes teve como saldo a remoção de 610 contas do Facebook, 156 grupos, 89 páginas e 72 contas do Instagram, operadas nos EUA e no Vietnã por uma entidade pró-Trump chamada BL, ou Beautiful Life, com laços indiretos com a seita religiosa Falun Gong.
A BL pagou ao Facebook pouco menos de US$ 9,5 milhões em propagandas no Facebook em diferentes moedas; a rede diz que a BL usou “uma combinação de contas autênticas e falsas de indivíduos locais nos EUA para gerenciar Páginas e Grupos” para poder dificultar a detecção. As violações incluem “comportamento não autêntico, spam e deturpação”.
Em alguns casos, os administradores de página da rede de notícias falsas tinham fotos geradas por inteligência artificial para dificultar a identificação. Crédito: Graphika
Os exemplos que o Facebook revelou não são dignos de uma conspiração de estado sofisticada. Em um deles, tem uma manchete sobre um funcionário de campanha da Elizabeth Warren; outro, em espanhol, tem Trump reclamando que está sendo tratado injustamente. Conforme o Facebook relata, as contas normalmente divulgavam “memes e outros conteúdos sobre notícias e assuntos políticos dos EUA, incluindo o impeachment, a ideologia conservadora, candidatos políticos, eleições, comércio, valores familiares e liberdade de religião”. Coisas bastante tranquilas comparadas com as que a campanha de Trump em si está postando.
O Facebook diz que a investigação deles revelou laços entre a BL e a Epoch Media Group, que é dona do Epoch Times, um veículo pró-Trump com foco na China. O Snopes, um verificador de fatos dos EUA, divulgou uma história meses atrás, revelando que a BL compartilha executivos e ex-funcionários com o Epoch Times. Por sua vez, a Epoch Media Group foi fundada por membros da seita mística chinesa Falun Gong, que visa derrubar o governo chinês e, como a NBC News reportou, “acredita em um próximo dia de julgamento que enviará os comunistas ao inferno, e diz que Trump está ajudando a acelerar o cronograma”. Ex-funcionários do Epoch Times disseram à NBC News que o Epoch Times e o Falun Gong compartilham os mesmos objetivos.
“Os fundadores do Epoch Times acreditavam na veracidade, compaixão e tolerância, os princípios do Falun Gong”, disse o editor-chefe do Epoch Times, Jasper Fakkert, ao Gizmodo por e-mail. “Dito isto, o Epoch Times é uma mídia de propriedade independente e não pertence ou é operada pelo Falun Gong”.
Talvez eles acreditem que Donald Trump possua o poder onipotente de enviar comunistas ao inferno. Talvez eles sejam apenas americanos patriotas. Certamente, eles estão empenhados em conseguir que este homem seja reeleito. O Facebook os proibiu de comprar anúncios no meio do ano depois que eles gastaram US$ 2 milhões para vender clandestinamente vídeos com conspirações envolvendo laços entre o bilionário Jeffrey Epstein e os Clinton e a investigação da influência russa no último pleito presidencial nos EUA, por meio de páginas do Facebook como uma chamada “Honest Paper” (Fakkert disse ao Gizmodo que o Epoch Times nunca pagou a ninguém para publicar independentemente o conteúdo do Facebook em seu nome).
O Epoch Times e a BL negaram ter laços, embora o Epoch Times tenha reconhecido que a equipe tem algumas conexões. “A BL foi fundada por um ex-funcionário e emprega alguns dos nossos ex-funcionários”, disse o Epoch Times. “No entanto, o fato de alguns de nossos ex-funcionários trabalharem na BL não é evidência de nenhuma conexão entre as duas organizações”.
O Facebook disse ao Gizmodo que, de acordo com suas políticas, a BL não receberá reembolso.