Ciência

Fazer xixi é “contagioso”… Pelo menos entre os chimpanzés

Assim como o bocejo com os humanos, urinar é ato "contagioso" entre chimpanzés; comportamento obedece a hierarquia
Imagem: Pixabay/Reprodução

Um novo estudo publicado na Current Biology descreveu, pela primeira vez, o fenômeno das “micções contagiosas”. Analisando 20 chimpanzés em cativeiro no Santuário de Kumamoto, no Japão, a pesquisa mostrou que o xixi é “contagioso” entre eles. Ou seja, quando um chimpanzé urina, os outros provavelmente farão o mesmo.

Os pesquisadores decidiram estudar esse comportamento após perceberem que os chimpanzés do santuário costumavam urinar quase ao mesmo tempo. Um comportamento similar também ocorre com os humanos, não com o xixi, obviamente, mas com o bocejo.

“Nossa pesquisa sugere que esse fenômeno pode ter raízes evolutivas profundas”, disse Ena Onishi, da Universidade de Kyoto, no Japão. “Descobrimos que os chimpanzés, nossos parentes mais próximos, tendem a urinar em resposta à micção de indivíduos próximos.”

Para chegar ao resultado, os estudiosos acompanharam os chimpanzés por mais de 600 horas. Eles ainda investigaram possíveis influências de indivíduos próximos ou fatores sociais — e chegaram a conclusões surpreendentes.

Xixi contagioso

Conforme a descoberta, probabilidade de micção contagiosa aumentou com a proximidade física do urinador inicial. Além disso, indivíduos com dominância mais baixas tinham mais probabilidade de urinar quando outros estavam urinando. Ou seja, a micção tem influência da hierarquia social.

“Inicialmente, esperávamos que quaisquer influências sociais pudessem se assemelhar àquelas vistas no bocejo — como um contágio mais forte entre pares socialmente próximos”, disse. No entanto, nossos resultados não mostraram evidências de efeitos relacionados à proximidade social. Em vez disso, observamos uma clara influência da classificação social , com indivíduos de classificação mais baixa sendo mais propensos a seguir a urina de outros. Por exemplo, isso poderia refletir liderança oculta na sincronização de atividades de grupo, o reforço de laços sociais ou viés de atenção entre indivíduos de classificação mais baixa.”

As descobertas do “xixi contagioso” podem ter um significado social, como a manutenção da coesão do grupo ou reforçar laços sociais, por exemplo. No entanto, os cientistas ainda querem entender mais sobre o fenômeno, bem como descobrir se ele existe em outras espécies.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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