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Feriado prolongado deve intensificar onda de Covid-19

Ao menos quatro estados brasileiros já registraram alta nos casos de Covid-19. Vacinação e uso de máscaras seguem sendo as principais armas contra a doença

Vírus da Covid surgiu de possivel vazamento de laboratório chinês, sugere agência americana

Quatro estados brasileiros estão enfrentando uma alta nos casos de Covid-19. São eles: Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Neste último, foi registrada um aumento de 56% no número de pessoas internadas pela doença em UTIs nas últimas duas semanas.

O feriado da Proclamação da República, comemorado no dia 15 de novembro, deve contribuir para o aumento dos casos. São esperados 4 milhões de veículos circulando nas principais rodovias paulistas em direção ao litoral e interior entre esta sexta-feira (11) e a próxima terça-feira (15). 

Também haverá trânsito no céu. Segundo a Infraero, que administra 19 aeroportos, 876,4 mil passageiros devem pegar carona nos aviões durante o feriado – 43% a mais do que o mesmo período de 2021. 

Basta um voo para que o SARS-CoV-2 se espalhe. Mas, antes de olharmos para o feriado prolongado, Jesen Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia, lembra os possíveis motivos que trouxeram uma nova onda de casos ao Brasil. 

“O atual aumento de casos confirmados de Covid-19, se deve, muito provavelmente, ao abandono quase que generalizado das precauções contra novas infecções (uso de máscara em ambientes fechados ou de álcool em gel, por exemplo)”, diz o pesquisador, em entrevista ao Giz Brasil

Ele também associa os casos às intensas aglomerações geradas durante o 1º e 2º turno das eleições, além do elevado número de brasileiros sem vacina (ou dose de refoço) contra a Covid-19.

Todos os fatores contribuem para a evolução do vírus. Já foi detectada no Brasil a subvariante Ômicron BQ.1, que parece apresentar um maior escape às vacinas, sendo mais infecciosa. 

Orellana acredita que o cenário tende a se agravar ou, ao menos, alcançar patamares semelhantes aos vistos agora nas próximas semanas de novembro e dezembro. 

“Não apenas em função do feriado prolongado, mas também devido às aglomerações decorrentes da Copa do Mundo e do agitado mês de dezembro, com suas confraternizações e aglomerações”. Segundo o pesquisador, o cenário que se pinta é um semelhante ao ritmo normal, de antes da pandemia de Covid-19.

Como evitar a nova onda

Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em epidemiologia, recomenda que os brasileiros busquem os postos de saúde para atualizar suas carteiras com a quarta dose da vacina. 

Em entrevista ao Giz Brasil, ela também reforçou a importância do uso de máscaras, “principalmente para aqueles mais vulneráveis como idosos e pessoas com alguma doença imunossupressora. Mesmo aqueles que não tenham esses deslocamentos de viagem, avião ou ônibus devem utilizar máscara pra ficar mais protegidos”. 

O uso do equipamento de proteção individual também é recomendado pela cientista em locais com pouca ou nenhuma ventilação, como o transporte público. 

Orellana segue pelo mesmo caminho, mas reforça a importância do governo no combate a pandemia: “Seria fundamental que os diferentes níveis de gestão da saúde, federal, estadual e municipal, realizassem ações conjuntas para frear esta nova onda de contágios, marcada pela presença de novas sublinhagens da ômicron e da permanente possibilidade de surgimento de novas variantes de preocupação na pandemia.”

Além disso, a cientista considera crucial o fortalecimento das campanhas nacionais de vacinação contra a Covid-19, buscando atingir, principalmente, aqueles que estão com o calendário vacinal atrasado ou que ainda não tomaram a 1ª dose. 

“A população, por sua vez, tem o dever de seguir essas orientações, pois sobra informação científica em defesa do uso efetivo de máscaras, álcool em gel e, principalmente, das vacinas contra a Covid-19, sob a pena de termos milhares de mortes evitáveis em janeiro e fevereiro de 2023, tal como ocorreu este ano no Brasil, com mais de 30 mil mortes conhecidas”, completa.

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