O colágeno é uma proteína de alta massa molecular, composta por vários aminoácidos. Quando digerido, ele é quebrado em vários peptídeos, que não necessariamente chegam à pele. Então nos perguntamos: ‘será que no colágeno que a gente toma há algo que inibe a hialuronidase do nosso próprio organismo e melhora o aspecto da pele’?
Fim do botox? Pesquisa do Butantan identifica moléculas com potencial de inibir o envelhecimento
Uma pesquisa, realizada por cientistas do Instituto Butantan, identificou moléculas de colágeno capazes de inibir a enzima que acelera o envelhecimento. Em testes iniciais, o tratamento tem potencial para diminuir rugas na pele e lesões em cartilagens.
De acordo com o Butantan, os pesquisadores identificaram os peptídeos (moléculas de aminoácidos) capazes de inibir e ativar a ação da hialuronidase. Esta é a enzima responsável por degradar o ácido hialurônico no organismo, substância que confere o aspecto firme à pele.
“Se a nossa hipótese se confirmar, poderíamos pensar em um creme antienvelhecimento e mesmo em medicamentos com potencial para tratar algumas condropatias, que são lesões na cartilagem tratadas com aplicações intra-articulares recorrentes de ácido hialurônico”, afirma Caio Mendes, autor do estudo, em um comunicado.
Entenda o mecanismo estudado pelo Butantan
O corpo humano naturalmente produz colágeno, AH (ácido hialurônico) e hialuronidase, que, cada uma com sua ação, mantêm o equilíbrio bioquímico das substâncias no organismo.
Assim, com o envelhecimento, a produção de colágeno e AH diminuem gradativamente. Estima-se que o organismo humano tenha uma perda de 1% do colágeno ao ano a partir dos 23 anos – abrindo espaço para procedimentos estéticos que os repõem artificialmente em troca de uma pele rejuvenescida.
A hialuronidase é usada para reverter preenchimentos de AH ou corrigir exageros. Então, ter mais hialuronidase do que colágeno no organismo é uma das características do envelhecimento.
Caio então aprendeu que poderia usar o veneno do escorpião como fonte de hialuronidase. Foi nessa fase que a expertise do Butantan entrou na pesquisa. A equipe do instituto separou 33 frações de colágeno hidrolisado testados com diferentes porcentagens de ácido hialurônico e hialuronidase.
Destes experimentos, descobriram quatro peptídeos que inibiram em 100% a ação da hialuronidase.
“O resultado mostrou-se promissor, já que em algumas amostras houve 100% de inibição da ação da hialuronidase, como se não houvéssemos sequer incluído a hialuronidase nas frações. A probabilidade de eles serem inibidores de fato é muito grande”, disse Caio.
A próxima fase da pesquisa é fazer a melhor seleção possível dos peptídeos.