Fiocruz alerta para mortes maternas desproporcionais durante a pandemia
Segundo um estudo publicado na revista BMC Pregnancy and Childbirth, 40% mais gestantes e puérperas morreram durante o ano de 2020, marcado pelo início da pandemia de Covid-19, quando comparado aos anos anteriores.
A pesquisa foi realizada por cientistas Observatório Covid-19 da Fiocruz, que retiraram dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para catalogar os óbitos. Também foram considerados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade de 2020 e dos cinco anos anteriores.
Na época, ocorreram 529 mortes de gestantes e puérperas diretamente causadas pelo Sars-CoV-2. As pessoas mais afetadas se encontravam no segundo e terceiro trimestre da gravidez.
O estudo aponta que as chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico de Covid-19 foram 337% maiores quando comparadas com outros pacientes. Esse público também teve maior risco de internação (73%) e de necessitar de suporte ventilatório invasivo (64%).
Raphael Guimarães, um dos autores do estudo, disse em comunicado que “o atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisiva na maior penalização destas mulheres”.
A equipe também explica no estudo que a alta ocorrência no Brasil de comorbidades ligadas a processos inflamatórios, como a hipertensão e a diabetes, pode justificar o excesso de mortes maternas quando comparada a outros países.
Mas a pandemia não causou apenas mortes diretas. Segundo os pesquisadores, o período dificultou o acesso ao Pré-Natal e condições adequadas de realização do parto no país.
Mesmo se forem desconsideradas as mortes de gestantes e puérperas por conta do coronavírus, ainda há um excesso de 14% nos óbitos quando comparado aos anos anteriores.