Foguete chinês de 23 ton cairá na Terra: qual a chance de acertar alguém?

Lixo espacial descontrolado pode cair nos próximos dias. Trajetória do foguete chinês também passa por cima do Brasil
Foguete chinês de 23 ton cairá na Terra: qual a chance de acertar alguém?
Imagem: CNSA/Divulgação

Na última segunda-feira (31), a China lançou com sucesso o terceiro e último módulo da Estação Espacial Tiangong. A má notícia é que o estágio principal do foguete chinês – que possui 30 metros e cerca de 23 toneladas – cairá na Terra de forma descontrolada.

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Geralmente, em outros lançamentos ao redor do mundo, os pedaços maiores de foguetes caem no mar ou em regiões isoladas minutos após a decolagem. Porém, diante de sua dimensão e tamanho da carga transportada, o corpo principal do foguete chinês Long March 5B precisou alcançar a órbita, onde foi descartado após liberar o módulo Mengtian, da Tiangong.

Por não contar com um sistema de controle, os restos do foguete entraram em uma trajetória instável, com o arrasto atmosférico e a gravidade da Terra puxando-os de volta nos próximos dias. É esperado que boa parte dos detritos sejam destruídos pelo atrito com o ar. Contudo, alguns pedaços maiores podem acabar chegando ao solo.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que isso acontece. Em julho, após o lançamento do segundo módulo da Tiangong, restos do Long March 5B também caíram de forma descontrolada, atingindo uma região do Oceano Índico. Em 2020, detritos do mesmo tipo de foguete atingiram o solo, na Costa do Marfim. Em todos esses casos, autoridades ao redor do mundo criticaram a China por não projetar sistemas que derrubem os seus foguetes pesados de forma controlada.

Simulação dos possíveis locais de impacto (linhas azuis e amarelas) dos restos do foguete Long March 5B.

Simulação dos possíveis locais de impacto (linhas azuis e amarelas) dos restos do foguete Long March 5B. Imagem: Aerospace Corporation

De acordo com a trajetória atual, o foguete chinês pode cair em áreas em que estão concentradas 88% da população mundial, o que dá em torno de 7 bilhões de pessoas. Por outro lado, como quase 70% da superfície do planeta é coberta por água, é mais provável que os restos acabem caindo em mar aberto.

Segundo Ted Muelhaupt, consultor do Gabinete de Engenharia Corporativa da organização americana Aerospace Corporation, a chance de o foguete atingir uma pessoa é bastante remota. “O risco para um indivíduo é de seis entre dez trilhões. Esse é um número muito pequeno”, explicou Muelhaupt ao site Space.

Na prática, é mais fácil alguém ganhar na loteria do que ser acertado pelos restos de um foguete.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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