“Foguete não tem ré… mas às vezes explode” pode ser uma maneira de completar a metáfora motivacional sobre resiliência, mas também serve para explicar, literalmente, o que aconteceu com um foguete chinês no último domingo (22).
Mas, antes disso, é importante frisar que foguete tem marcha ré — manobra esta conhecida como VTVL (Decolagem vertical e pouso vertical). O primeiro estágio do Falcon 9, da SpaceX, se tornou o primeiro foguete a usar a marcha ré, em 2015. O feito deu início à era dos foguetes reutilizáveis.
Posteriormente, a Blue Origin também conseguiu realizar a VTVL, em seu foguete New Shepard, com Jeff Bezos a bordo.
Além das duas empresas, algumas companhias chinesas conseguiram realizar testes de VTVL bem-sucedidos, mas ficaram apenas nos testes.
Uma dessas empresas é a chinesa Deep Blue, que conduziu testes bem-sucedidos em julho e outubro de 2021, e maio de 2022, em seu foguete Nebula-1. Porém, em setembro de 2024, durante testes para pousar engatando a marcha ré, um foguete chinês já havia impactado por anomalias do veículo de lançamento nos momentos finais.
Agora, o teste do último domingo (22), foi o primeiro VTVL de maior altitude para recuperação do foguete, que foi lançando a 5 quilômetros acima do solo. Quando o foguete explodiu no pouso, a Deep Blue afirmou que o teste não foi “completamente bem-sucedido”.
No entanto, um drone captou com detalhes imagens do teste, resultando em um vídeo cinemático do lançamento. Assista:
Explosão de foguete chinês pode ser estratégica
A explosão do foguete chinês ao tentar o pouso em marcha ré não é o que parece ser: um fracasso. Vale lembrar que antes de conseguir engatar a marcha ré no Falcon 9, os testes da SpaceX — mesmo com fracassos –, eram vistos como vitórias rumo ao progresso de foguetes reutilizáveis.
Aliás, o vídeo da explosão do foguete chinês evoca a estratégia da SpaceX em transformar tais ‘fracassos’ em publicidade, seguindo a cartilha de Elon Musk.
Por falar em cartilha, a Deep Blue é uma entre muitas startups chinesas que desenvolvem foguetes reutilizáveis com o objetivo de se igualar às norte-americanas. Em janeiro deste ano, por exemplo, a Landscape se tornou a primeira companhia chinesa a realizar um VTVL com o protótipo reutilizável do primeiro estágio do seu foguete Zhuque-3. Veja:
Além da Landscape e da Deep Blue, iSpace, Galactic Energy e CAS Space são outras empresas chinesas que desenvolvem foguetes similares aos da SpaceX.