Foguete indiano não consegue levar satélite de monitoramento à órbita e cai no oceano
A agência espacial da Índia disse que uma falha técnica desconhecida impediu que seu foguete GSLV-F10 chegasse no último estágio, o que é frustrante para o crescente poder espacial indiano.
O Veículo de Lançamento de Satélite Geossíncrono da Índia-F10 (GSLV-F10) decolou do Centro Espacial Satish Dhawan em Sriharikota, em 12 de agosto. A primeira e a segunda etapas ocorreram conforme planejado, mas pouco antes da marca de cinco minutos , quando o terceiro e último estágio deveria começar, nada aconteceu.
A Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO) foi breve em sua descrição do lançamento falho, dizendo que “a ignição não aconteceu devido a uma anomalia técnica”, portanto, a “missão não pôde ser cumprida como pretendido”.
O último estágio deveria levar o satélite de observação da Terra, o EOS-03, à órbita geossíncrona (também conhecida como GEO), na qual os objetos podem permanecer em órbita sobre a Terra em uma posição fixa.
O EOS-03 iria rastrear o subcontinente indiano, para avaliar com detalhes condições meteorológicas severas, como ciclones, rajadas de nuvens e tempestades. O satélite também deveria coletar dados relevantes para as indústrias agrícolas, florestais e marítimas. Contudo, em vez de fazer seus negócios no espaço, o satélite agora é uma bagunça destruída e queimada no fundo do oceano Índico.
Em um tweet, o especialista em voos espaciais Jonathan McDowell do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics disse que o satélite e o terceiro estágio provavelmente caíram no Mar de Andaman, perto da área onde o segundo estágio deveria cair.
I estimate that the EOS-03 satellite and the GSLV CUS third stage reached a -4500 x 140 km x 17.9 deg orbit and impacted the Andaman Sea near the second stage impact zone at 96E 9N at about 0023 UTC, 10 minutes after launch from Satish Dhawan Space Centre
— Jonathan McDowell (@planet4589) August 12, 2021
Sem ter dado início ao terceiro estágio, não havia chance do satélite alcançar a órbita geossíncrona. O foguete atingiu uma altura máxima de 140 km, então tecnicamente conseguiu chegar ao espaço, mas em velocidades não superiores a 4,8 km por segundo, o foguete estava se movendo “bem abaixo da velocidade necessária para entrar em órbita”, como relata o SpaceFlightNow.
A separação da carenagem(cabeça do foguete) deveria ter ocorrido 18 minutos e 34 segundos após o lançamento, com uma velocidade esperada de 10,2 km por segundo, explicou a ISRO.
Este foi o primeiro lançamento do GSLV com uma carenagem de 4 metros de comprimento, projetada para transportar cargas úteis e maiores. Seria interessante saber se este novo componente, chamado Ogive Payload Fairing, teve algo a ver com a falha no lançamento. Parece improvável, mas nunca se sabe.
A Índia tem ambições no espaço há mais de uma década. Ela está desenvolvendo seus próprios foguetes, satélites e sistemas de comunicação. O país conseguiu enviar uma sonda a Marte em 2014 e planeja enviar seus primeiros astronautas ao espaço em 2022. Em 2019, a Índia não conseguiu pousar sua sonda Vikram na Lua e, em uma expressão autodeclarada de “poder espacial ”, a Índia derrubou seu próprio satélite.