Por que a caminhonete F-150, da Ford, é simbólica para o futuro dos carros
O Salão de Detroit já começou, diversos carros e conceitos de derrubar queixo surgirão nos próximos dias, mas uma caminhonete bem popular* da Ford, a F-150, surge com uma mudança importante para toda a indústria: a substituição, gradual, do aço pelo alumínio.
Por que mudar toda a linha de produção e usar um material famoso por sua baixa resistência mecânica? As respostas são simples: num futuro em que mais e mais pessoas se preocuparão com o gasto de gasolina, e possíveis regulações afetarão a venda de carros que bebem mais do que deveriam, automóveis mais leves consumirão menos combustível. A aposta surge em um momento importante, já que os carros elétricos ainda não se popularizaram, e mesmo os híbridos não emplacaram como as fabricantes imaginavam que aconteceria.
A solução, por aqui, foi diminuir o peso. Em comparação ao F-150 de 2014, o F-150 2015 será 15% mais leve – aproximadamente 300kg a menos do que seu antecessor. A Ford ainda não deu detalhes sobre quão econômicos são os motores 2.7 Ecoboost e o 3.5 Ecoboost, mas as fontes do New York Times dizem que a economia ficará na casa dos 6% e 7%. O jornal ainda diz que a expectativa da Ford é que o F-150 consiga fazer cerca de 12km por litro de combustível, número atípico para caminhonetes desse porte.
A mistura de aço e alumínio na nova estrutura do Ford F-150
Sobre o alumínio, a solução para não deixar dúvidas a respeito da qualidade do material foi firmar uma parceria com a Alcoa. A empresa é conhecida por fornecer alumínio para os veículos militares americanos, o que ajuda a atestar a ideia de que, não, você não vai conseguir amassar nenhuma parte do F-150. (Mas, talvez, você consiga derretê-lo na lava. Boa sorte nessa.) O preço disso provavelmente pesará no bolso: apesar de a Ford ainda não ter revelado os valores dos novos modelos, a expectativa é que eles custem mais caro por causa do uso de alumínio. Mesmo assim, Alan Mulally, CEO da Ford, diz que o processo é muito mais barato do que o anterior. “A escolha do aço sempre foi econômica, mas agora há novas soluções para colocar mais alumínio, um material incrível, em mais partes de um carro”, disse.
O fato de a Ford e seu CEO terem bancado essa mudança no F-150 durante uma época muito ruim para a indústria automotiva mostra o tamanho da aposta. Enquanto diversos projetos do carro do futuro foram eliminados, a ideia de usar mais alumínio parece ser uma das soluções que a Ford encontrou para se adequar a um futuro em que as empresas serão cada vez mais cobradas para se adaptar a um novo mundo. Assim, espere ver mais modelos com alumínio nos próximos anos. E acompanhemos se este é mesmo um dos caminhos do futuro.
*Pelo menos nos EUA, onde a F-150 é um dos best-sellers da Ford. No Brasil, a caminhonete foi descontinuada (aparentemente ela e a Ranger não dividiriam bem o mercado) e, segundo a Ford Brasil, não há planos oficiais do retorno do modelo às estradas brasileiras. “A linha F é um sucesso nos EUA, mas no resto do mundo a linha Ranger ainda é líder”, disse o CEO da Ford. Complementando, ele ainda disse que há um processo de encolhimento dessas linhas, já que o uso dessas picapes e caminhonetes diminui cada vez mais, e que os utilitários estão substituindo esses modelos. Utilitários com alumínio no futuro próximo, então?
[O Gizmodo Brasil viajou para Detroit a convite da Ford. Todas as opiniões que constam artigo são do autor.]