Trabalhadores da obra de duplicação da rodovia BR-153, na cidade de Mirassol, no interior de São Paulo, encontraram fósseis de dinossauro no último sábado (3). Os operários trabalhavam no quilômetro 85 quando identificaram um fragmento diferente no solo: era um pedaço de quase 80 centímetros do fêmur do animal.
Junto dele estava um úmero (osso da perna dianteira), a vértebra caudal e um dente do dinossauro. Os ossos estavam a cerca de 10 metros de profundidade. Por isso, a extração levou quase 10 horas para ser concluída.
“Eles estavam em um barranco que estava sendo escavado”, contou o paleontólogo William Nava, responsável pelo Museu de Paleontologia de Marília, ao portal G1. Ele ajudou na retirada dos fósseis. “Por estarem próximos, acreditamos que [os ossos] sejam todos de um mesmo animal”.
Depois da extração, os fósseis passam pela análise de paleontólogos. A principal hipótese é que os ossos tenham pertencido a um titanossauro, espécie que viveu no período cretáceo, pouco antes da extinção dos dinossauros, há 80 milhões de anos.
Quadrúpedes, esses animais tinham um pescoço longo, se alimentavam de plantas e viviam predominantemente na América do Sul. Estima-se que chegavam até 15 metros de altura e pesavam entre 10 e 15 toneladas.
O Museus de Paleontologia Pedro Candolo, em Uchoa, recebeu os fragmentos de ossos. Agora, os pesquisadores vão tentar descobrir qual é a espécie do fóssil – um trabalho que deve se estender por um ano.
Como foi a descoberta
Os funcionários da concessionária Triunfo Transbrasiliana começaram a escavação do barranco há 15 dias. Logo no início, os trabalhadores desconfiaram de uma rocha esbranquiçada e buscaram orientações com paleontólogos da região.
Nava conta que a primeira suspeita foi de que se tratava de uma formação mineral. “Pedi para me enviarem uma foto e logo percebi que era um fóssil de dinossauro”, conta. Depois disso, o local foi isolado.
No sábado (3), uma força-tarefa da ANM (Agência Nacional de Mineração) e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) trabalhou para retirar os ossos do local. “Apesar da profundidade, eles estavam muito bem preservados”, explicou Nava.
Esses achados são essenciais para entender que animais viveram há milhões de anos no interior de São Paulo, onde diversos fósseis já foram encontrados.
Em outubro de 2021, trabalhadores de obras rodoviárias em Marília encontraram parte do fêmur e da costela de outro animal que viveu na região há pelo menos 65 milhões de anos. Quatro meses antes, a identificação de uma pata de titanossauro interrompeu a duplicação da SP-333.
Neste ano, pesquisadores publicaram o descobrimento de uma espécie inédita de dinossauro-anão – o primeiro das Américas – após encontrar um fóssil durante a duplicação da SP-351, em 2011.