Ciência

Fóssil de mosquitos da era dos dinossauros revela que machos também picavam

Segundo o estudo, o âmbar encontrado onde hoje é o Líbano tem cerca de 125 milhões de anos e pertence ao início do período Cretáceo. Saiba mais dessa história
Imagem: Dany Azar/ Reprodução

Na região onde hoje é o Líbano, há milhões de anos, vários pequenos mosquitos ficaram presos na resina das árvores, que se solidificaram e viraram âmbar. Assim, os corpos dos insetos foram preservados — para serem encontrados cerca de 15 anos atrás pelo paleontólogo Dany Azar.

No início, o pesquisador não deu muita atenção a esta amostra. Ele pensou que os mosquitos pertenciam a um grupo de insetos no qual não estava focado em seu trabalho, que buscava compreender a evolução de plantas e animais polinizadores em conjunto.

Apenas recentemente Azar foi analisar as lâminas que coletou e se deparou com duas novidades. A primeira é que aquele é o fóssil mais antigo da família de insetos Culicidae. Já a segunda é que os mosquitos machos da época tinham estruturas para sugar sangue, diferente do que a ciência considerava até então.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Current Biology.

Idade do fóssil

Segundo o estudo, o âmbar tem cerca de 125 milhões de anos. Dessa forma, pertence ao início do período Cretáceo, que é a era dos dinossauros. Foi nesse momento que diversas plantas com flores começaram a se desenvolver e se tornar mais comuns.

Por isso, o âmbar libanês é rico em fósseis preservados. De acordo com o parceiro de estudo de Azar, o André Nel, do Museu Nacional de História Natural de Paris, o fóssil dos mosquitos provavelmente é o mais antigo de representantes da família Culicidae.

Apenas as fêmeas?

De modo geral, se alimentar de sangue é uma estratégia arriscada, porque uma pessoa incomodada com a picada pode matar os mosquitos durante o processo. Dessa forma, as fêmeas costumam recorrer a esse alimento apenas quando precisam de proteína extra para produzir seus ovos.

No restante do tempo, elas se alimentam da mesma maneira que os machos: de néctar das plantas. Até então, pesquisadores consideravam que todos os mosquitos antigos viviam dessa forma e que as fêmeas evoluíram posteriormente para ter a capacidade de beber sangue.

Por isso, elas são as únicas que possuem as estruturas bucais capazes de perfurar a pele. No entanto, as evidências do estudo sugerem que não foi bem assim que a evolução desses insetos aconteceu.

Isso porque os mosquitos fossilizados no âmbar possuem estruturas chamadas clásperes, que parecem pinças. A presença disso pode significar que, mesmo sendo machos, eles possuíam partes bucais feitas para sugar sangue.

“Agora pensamos que, originalmente, o mosquito poderia sugar sangue. Com o surgimento da planta com flores, essa função poderia ser simplesmente esquecida mais tarde durante a evolução desses insetos”, disse Azar ao New York Times.

Embora sejam diferentes das estruturas dos mosquitos atuais, também é possível que as pinças bucais dos fósseis não fossem usadas para sugar sangue. Para descobrir isso, mais estudos são necessários. Agora, os pesquisadores estão curiosos para entender porque elas não existem mais.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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