Fóssil encontrado na Argentina revela uma espécie de dinossauro com cabeça chata

A descoberta arqueológica do crânio diferenciado de um abelissauro indica que ele teria uma vantagem em relação a outros predadores.
Representação artística do extinto abelissauro. Crédito: Jorge Blanco e Journal of Vertebrate Paleontology

Oitenta milhões de anos atrás, um grande dinossauro morreu em uma região que hoje é o oeste da Argentina. Ele era um predador carnívoro bípede e da família Abelisauridae, que podia atingir quase nove metros de comprimento e se caracterizava por seus crânios atarracados e irregulares. Este abelissauro em particular, apelidado de Llukalkan aliocranianus, é uma espécie recentemente identificada.

A pesquisa que descreve o novo fóssil de terópode foi publicada na terça-feira (30) no Journal of Vertebrate Paleontology. O nome científico do dinossauro representa seu lugar feroz na hierarquia do Cretáceo — o animal provavelmente era um predador no topo da cadeia alimentar — e a estrutura interessante de seu crânio, que sugere que em vida ele tinha uma superfície irregular com protuberâncias, semelhante à cabeça dos lagartos monstro-de-gila modernos. Esse tipo de formato de crânio era típico dos abelissauros.

“Alguns dizem que o formato da cabeça e da mandíbula podem ter ajudado a morder as presas, enquanto os chifres poderiam ter sido usados ​​para se chocarem uns com ou outros”, disse Federico Gianechini, paleontólogo da Universidade Nacional da Argentina e principal autor do novo artigo, em um e-mail. “É possível que tenha havido uma diferenciação sexual e que apenas os machos tivessem chifres e lutassem entre si, como muitos mamíferos com chifres fazem hoje.”

Existem várias conjecturas sobre o desenvolvimento evolutivo dos abelissauros, mas uma característica craniana diferenciava até mesmo o L. aliocranianus de seus irmãos: uma cavidade atrás de sua orelha.

O fóssil de dinossauro emergiu do solo no oeste da Argentina. Imagem: Federico Gianechini

“Ele tem uma cavidade ou fístula relacionada ao sistema pneumático (um sistema de bolsas e divertículos cheios de ar) atrás da orelha que outros abelissaurídeos não tinham”, disse Gianechini. “Esse recurso pode ter dado a essa espécie uma capacidade auditiva diferente, possivelmente um alcance auditivo maior”.

Se o dinossauro realmente possuía uma audição melhor, isso teria melhorado seu desempenho em um cenário repleto de predadores. Durante o final do Cretáceo, a Patagônia fazia parte de Gondwana, um supercontinente que hospedava 10 outras espécies de abelissauros. Outra espécie da família foi encontrada a menos de 800 metros do espécime Llukalkan.

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“Esses foram alguns dos principais predadores da América do Sul durante o Cretáceo Superior e pareciam bastante diferentes dos tiranossauros que percorriam a América do Norte no mesmo período”, disse Victoria Arbor, paleontóloga do Royal BC Museum, no Canadá, que não estava afiliada ao artigo recente. “O Llukalkan é interessante porque preserva um material craniano muito bom que mostra que ele pode ter algumas adaptações auditivas únicas em comparação com outros abelissauros, o que indica o quanto mais temos que aprender sobre a evolução e a biologia desses estranhos dinossauros!”, escreveu ela por e-mail.

A equipe da Argentina vai continuar a procurar outros abelissauros para melhor compreender a diversidade dos dinossauros.

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