[Frankenreview] HP TouchPad: um tablet com webOS pode dar errado?

No último ano, muitos fizeram frente ao iPad. E todos decepcionaram, geralmente por um motivo: o software. O JooJoo mal tinha apps; o Galaxy Tab da Samsung não tinha um OS próprio para tablets; o Motorola Xoom sofre com instabilidade e poucos apps para Honeycomb; e o BlackBerry PlayBook foi lançado com um sistema incompleto […]

No último ano, muitos fizeram frente ao iPad. E todos decepcionaram, geralmente por um motivo: o software. O JooJoo mal tinha apps; o Galaxy Tab da Samsung não tinha um OS próprio para tablets; o Motorola Xoom sofre com instabilidade e poucos apps para Honeycomb; e o BlackBerry PlayBook foi lançado com um sistema incompleto (sem cliente de e-mail!). Dentre tantas decepções no mundo dos tablets, por que acreditar no HP TouchPad? Porque ele roda o belíssimo webOS, da finada Palm. Multitarefa de verdade, com apps virando cartas, notificações discretas e uma interface bem-trabalhada, a parte de software parecia já garantida. Parecia.

Primeiro, o hardware: o HP TouchPad tem o mesmo tamanho do iPad 2, mas é 40% mais grosso e 20% mais pesado, com 720g e 13,7mm de espessura. Mesmo sendo mais grosso, a bateria dura menos (8h vs. 10h no iPad 2). Ele tem câmera frontal (de 1,3MP), mas não tem câmera traseira. Tem Wi-Fi, mas não GPS – só triangulação por antenas. (Só há modelos Wi-Fi, de 16GB e 32GB; modelos com 3G devem chegar em breve.) E apesar de ter um processador Snapdragon dual-core de 1,2GHz, chip gráfico Adreno 220 e 1GB de RAM, ele não é muito rápido. David Pogue, do New York Times, explica:

Quando você gira o tablet, ele leva dois segundos para virar a tela – uma eternidade em se tratando de tablets. Apps podem levar muito tempo para abrir: o app de chat, por exemplo, leva sete segundos para aparecer. Animações são por vezes lentas, e as reações ao deslizar dos seus dedos são por vezes incertas.

Claro, nem tudo são más notícias: a tela LCD de 9,7 polegadas é basicamente a mesma do iPad, mas é feita com Gorilla Glass. O This Is My Next diz que ficou “impressionado com a clareza e tom de cor no TouchPad”, comparando-o com o iPad 2. E finalmente temos um tablet com alto-falantes estéreo: Matt Buchanan, do Gizmodo americano, diz que o TouchPad “fornece genuinamente o melhor som entre qualquer tablet”.

Mas e o que importa, e o software?

“O webOS é lindo”

“O webOS é lindo… Ele é graficamente coerente, elegante, fluido e agradável.” E David Pogue não está sozinho: o webOS agrada aos olhos e à usabilidade desde que a Palm ainda existia.

Como explica o BGR, o webOS é a próxima evolução dos sistemas operacionais para smartphone: em vez dos apps serem o centro um de cada vez, no webOS você os acessa como em um painel de comando, abrindo, organizando e fechando apps com o deslizar dos dedos. Tanto que as cartas sempre aparecem quando você pressiona o botão Home.

E o webOS se adaptou muito bem à tela maior do tablet; o This Is My Next lista as novidades. As principais características do webOS para smartphones foram levadas ao tablet quase intactas: a multitarefa por cartas, notificações, busca universal, gestos e o Synergy – integração de contatos com Google, Facebook, LinkedIn e até MobileMe e Skype. (Você pode fazer videochamadas pelo Skype direto do Synergy, por exemplo – apesar de não funcionarem muito bem.)

As notificações ficam no canto superior direito da tela, e você pode acessá-las a partir de qualquer app, e até ir navegando por notificações do mesmo tipo: por exemplo, dá pra ler o começo de vários e-mails direto nas notificações, e navegar por eles deslizando-as para a direita. E alguns apps agora têm organização por painéis: basicamente, você pode ajustar o tamanho das colunas em diversos apps. O teclado virtual também tem suas vantagens, como explica David Pogue: ele já vem com as teclas de números (como não fizeram isso antes?) e você pode escolher quatro tamanhos para as teclas, e facilitar a digitação. O TouchPad também tem o Touch to Share, um truque que transfere conteúdo do tablet para o smartphone Pre 3 via Bluetooth. (Sem um smartphone com webOS, isso não é possível.)

Navegador, e-mail e apps

Imagem por This is my Next

O navegador é bastante capaz, “ficando em algum lugar entre navegadores para Android e o Mobile Safari”, como diz o Matt do Gizmodo US. Ele tem suporte a Flash, e como sempre ele só funciona mais ou menos: às vezes reproduz vídeo engasgando, e algumas páginas ficam lentas por causa do plugin. Felizmente, você pode desligar o Flash.

O app de e-mail usa o Synergy para trazer todos os seus e-mails a um só lugar, e tem a interface organizada em painéis. Novamente, um acerto no webOS. O problema: ele não agrupa mensagens por assunto. E ele dá umas engasgadas por causa de lentidão, o que pode irritar quem recebe muitos e-mails todo dia.

Certo, mas e quantos apps essa plataforma tem? Cerca de 300, diz Pogue. Bem menos que os 100.000 apps para iPad, mas segundo a HP, isso é mais apps do que tem o Honeycomb (232 apps), mesmo depois de meses após ter sido lançado. A HP está procurando desenvolvedores para aumentar este número. E os 8.000 apps para smartphones webOS, eles rodam no TouchPad? Sim, mas rodam mal: isto porque não são “esticados” para caberem na tela maior, como o iPad e o Android fazem. Ou seja, você vai rodar apps numa telinha virtual de 3,5 polegadas, no meio da tela de 9,7 polegadas.

Lentidão

Existem alguns bugs e detalhes que precisam ser corrigidos, mas isso não prejudica toda a experiência. Sabe o que prejudica? A lentidão. Diz Matt Buchanan, do Giz US: “os apps demoram eternameeeeeente para abrirem, mesmo com só uma ou duas cartas abertas. (Eu já esperei 20 segundos para as configurações da tela abrirem.) O tempo entre seu toque e a resposta do TouchPad às vezes é tão grande que daria para ver Transformers 3 entre um e outro. (Deus lhe ajude se você tocar várias coisas enquanto o TouchPad estiver pensando no que responder.)”

Joshua Topolsky, do This Is My Next, parece concordar: “desde que comecei a usar este tablet, ficou claro pra mim que a HP ainda tem trabalho a fazer para ajustar e melhorar o sistema operacional… Botões pressionados na tela não respondiam, aplicativos pausavam de repente, listas que eu estava deslizando se moviam com engasgos (ou sumiam completamente). Às vezes o dispositivo parecia fluido e rápido, mas em outros ele travava ou engasgava a ponto de irritar. Eu já vi mais de uma vez o sistema inteiro travar, e mais de uma vez tive que reiniciar…”

Ainda duvida que a lentidão seja um problema no TouchPad? Do BGR: “Os maiores problemas estão no desempenho, infelizmente. Por mais que o software seja lindo no TouchPad, sinto muito em dizer que a performance deixa muito a desejar… Alguns apps são lentos em abrir… e o dispositivo trava tanto quanto aparelhos inferiores com webOS. Deslizar para cima ou para baixo engasga em vários aplicativos, e a interface tem uma tendência de ficar travando às vezes. Mas digo que a multitarefa tem um impacto mínimo no desempenho. Em outras palavras, eu tive o mesmo nível de lentidão com alguns apps abertos, e com dez apps abertos.”

Conclusão

O HP TouchPad decididamente não é só mais um tablet. “O TouchPad está longe de ser perfeito – sério, não está nem próximo. Mesmo assim, há um DNA fantástico aqui, que merece um segundo olhar.” O potencial está lá, mas vender a um preço igual ao do iPad 2 dificulta as coisas. Por que pagar agora o mesmo preço – US$499 pelo modelo de 16GB, ou US$599 pelo de 32GB – por um tablet com problemas claros de lentidão e uma app store com poucos apps? David Pogue resume bem:

Nesta encarnação 1.0, o TouchPad não chega perto de ser tão completo ou maduro como o iPad ou os melhores tablets com Android; você estaria se sabotando se comprasse um agora, a menos que você seja algum tipo raivoso de T.M.A. (Tudo Menos Apple).

Mas há esperança, com atualizações futuras de software. Para finalizar, deixamos as palavras de Matt Buchanan, do Giz: “O TouchPad está tão próximo, mais próximo do que todos os outros, de ser bom. Mas também está bem, bem longe disso. Dê a ele seis meses. Ele pode ser fantástico. Senão, bem, não há mais nada a dizer sobre ele.”

Leia os reviews completos aqui: [Gizmodo, This Is My Next, New York Times, BGR]

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