Internet grátis do Facebook fica mais aberta, segura e ganha um novo nome
Após duras críticas de que estava fornecendo acesso à própria versão da internet, o Facebook fez algumas mudanças no Internet.org, o serviço que dá internet de graça para habitantes de países emergentes, a começar pelo nome: Free Basics.
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O serviço, lançado em julho do ano passado, foi alvo de ferrenhas críticas, em especial de defensores da neutralidade de rede. E elas não eram para menos, uma vez que a “internet grátis” que o Internet.org daria acesso era, na verdade, a versão do Facebook de internet — os usuários teriam acesso apenas ao Facebook e sites de parceiros selecionados.
Ou seja, a internet seria grátis, mas longe de ser livre e aberta como a que temos atualmente. Na época, a Wired chegou a chamar o serviço de “Facebooknet” e favoráveis ao serviço argumentavam que era melhor ter uma internet controlada a internet alguma.
Agora, melhorias foram anunciadas ao serviço. Em um post em seu Facebook e em um release divulgado no Internet.org, Mark Zuckerberg declara que “melhorias significativas” serão feitas. “Ouvimos o feedback da comunidade e fizemos grandes mudanças”, diz o CEO.
São três mudanças no total. A primeira trata-se de abrir os serviços do Internet.org. “A partir de hoje, qualquer desenvolvedor pode inserir os seus serviços no Internet.org, dando às pessoas o poder de escolher quais apps elas querem usar”, explica Zuckerberg.
A segunda é referente a melhorias de segurança e privacidade. Anteriormente, o Internet.org não criptografava nenhuma informação, excluindo, inclusive, sites com convencional segurança HTTPS. Não mais. “Nós já criptografamos a informação sempre que possível, mas a partir de hoje o Internet.org também dará suporte ao serviço de web HTTPS”.
A terceira e última novidade é referente ao nome: “mudamos o nome do aplicativo que providencia estes serviços básicos para ‘Free Basics’, diz o CEO. “Esperamos que as melhorias feitas hoje ajudem a conectar ainda mais pessoas”. Assim, a iniciativa Internet.org se distingue dos serviços prestados por ela, como o Free Basics.
O Free Basics já oferece 60 serviços para 19 países diferentes, muitos deles na Ásia, África e América Latina — o serviço foi lançado na Bolívia agora pela metade de 2015 e estuda-se trazê-lo ao Brasil.
Em maio, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) acreditou que o então Internet.org pudesse ferir os direitos estabelecidos pelo Marco Civil da Internet e buscava discuti-lo com Mark Zuckerberg. Na época, Demi Getschko, membro do CGI.br, ressaltou que o comitê não tinha posição oficial sobre a implementação do serviço no país, mas o julgava arrogante por se chamar Internet.org e não Facebook.org. “Já é uma certa arrogância, porque está dizendo que é internet”, disse Getschko em maio.
A mudança foi feita e o serviço parece muito mais aberto e transparente até então. Resta saber se as mudanças permitirão ao Free Basics e o Marco Civil entrarem em comum acordo. [VentureBeat, The Verge]
Foto de capa: Maurizio Pesce/Flickr