Gelo marinho do Ártico atinge o segundo nível mais baixo já registrado

O gelo marinho do Ártico encolheu ao segundo nível mais baixo já registrado na história, anunciaram pesquisadores.
Urso em calote de gelo. Crédito: BJ Kirschhoffer/Polar Bears International
Crédito: BJ Kirschhoffer/Polar Bears International

O gelo marinho do Ártico encolheu ao segundo nível mais baixo já registrado, anunciaram pesquisadores nesta segunda-feira (21).

O gelo marinho do Ártico geralmente derrete no verão e volta a congelar no inverno. Mas, devido às violentas ondas de calor que têm quebrado recordes nas regiões mais ao norte da Terra, a extensão mínima do gelo deste ano é qualquer coisa, menos normal.

Dados do NSIDC (National Snow and Ice Data Center) mostram que, em 15 de setembro, o gelo do mar Ártico provavelmente atingiu sua extensão mínima anual de 3,74 milhões de quilômetros quadrados, ficando atrás apenas do mínimo de setembro de 2012, quando o nível mais baixo registrado foi de 3,41 milhões de quilômetros quadrados.

O mínimo é 2,51 milhões de quilômetros quadrados abaixo da média de 1981 a 2010, o que, como o NSIDC observa, é aproximadamente igual aos territórios do Alasca, Texas e Montana combinados. As 10 extensões de gelo marinho mais baixas ocorreram nos últimos 13 anos.

O gelo diminuiu rapidamente entre 31 de agosto e 5 de setembro, quando o ar quente da recente onda de calor na Sibéria — que teria sido quase impossível sem a crise climática — subiu para a região. Esse período de seis dias marcou a taxa mais rápida de perda de gelo já registrada, de acordo com o NSIDC.

Este é o segundo registro mais baixo desde o início da observação por satélite em 1979. Mas esta ocorrência é quase certamente ainda mais notável do que isso. No entanto, outras pesquisas usando registros como depósitos de lama e outras referências para o clima do passado profundo mostram que o declínio acentuado do gelo marinho não é igual a nada visto em milhares de anos.

“Mesmo que o mínimo de gelo marinho em 2020 não tenha estabelecido um recorde, não devemos pensar que as condições do Ártico se estabilizaram ou mesmo melhoraram”, escreveu Geoff York, diretor sênior de conservação da Polar Bears International, por e-mail. “Este ainda é um péssimo ano para o gelo, parte de uma trajetória clara de um Ártico cada vez mais quente com cada vez menos gelo no verão, até que desapareça completamente.”

Esta notícia assustadora é o mais recente sinal de que a crise climática está mudando fundamentalmente o Ártico, que vem sendo a região de aquecimento mais rápido de nosso planeta. A pesquisa mostra que a área pode estar a caminho de verões completamente sem gelo em 2035, a menos que façamos algumas grandes mudanças globais.

“O Ártico está gritando para que prestemos atenção, com sinais preocupantes de ondas de calor à perda maciça de gelo do mar”, disse Zach Labe, pesquisador de pós-doutorado na Colorado State University, em um comunicado por e-mail ao Gizmodo. “O mínimo de gelo marinho deste ano é parte de uma tendência de queda altamente perturbadora — que continuará até o fim do gelo marinho no verão, a menos que desaceleremos o aquecimento global reduzindo sistematicamente nossas emissões de gases de efeito estufa.”

O caos climático está alimentando o derretimento do gelo no Ártico, e isso pode subsequentemente causar estragos no sistema climático. Ao contrário da perda do gelo terrestre, o derretimento do gelo marinho não contribui para o aumento do nível do mar.

Mas a cobertura de gelo ajuda a resfriar o Ártico e o resto da Terra. Sem ele, mais luz do Sol é absolvida pelas águas mais escuras do oceano. Isso desencadeia mais perda de gelo e um maior aquecimento planetário, o que pode influenciar os padrões climáticos em todo o mundo.

A perda do gelo marinho tem consequências particularmente devastadoras para os ecossistemas árticos. As comunidades indígenas da região, por exemplo, dependem dela durante o inverno e a primavera, quando o gelo funciona como uma ponte física e as ajuda a viajar, coletar, caçar e fazer trenós puxados por cachorros. Animais locais, como renas, focas e ursos polares, dependem do gelo para encontrar comida e também se locomover.

Para dar a eles — e a nós mesmos — uma chance de sobrevivência, nossa única escolha é reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa o mais rápido possível.

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