O Google vai continuar a trabalhar com a Huawei nos próximos 90 dias, revertendo sua decisão do fim de semana de que iria cortar laços com a gigante chinesa devido às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.
A decisão do Google veio após o Departamento de Comércio dos EUA ter estabelecido uma licença de 90 dias nesta segunda-feira (20) para empresas de tecnologia que precisam trabalhar com a Huawei para assegurar que consumidores tenham acesso a apps e atualizações de segurança. A Huawei continua banida de comprar hardware de empresas como Intel, Broadcom e Qualcomm, que já pararam de fornecer itens para a companhia chinesa.
“Manter os telefones atualizados e seguros é de interesse de todos e esta licença temporária permitirá que continuemos a fornecer atualizações de software e correções de segurança para os modelos existentes pelos próximos 90 dias”, disse um porta-voz do Google por e-mail. A Huawei não respondeu ao pedido de comentário do Gizmodo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva em 15 de maio tendo a Huawei como alvo (mas sem mencionar o nome da companhia) por preocupações com a segurança nacional.
Muitos países ocidentais dizem que a Huawei têm relações muito próximas com o governo chinês e que pode permitir que a China possa espionar usando o hardware da empresa. No entanto, os Estados Unidos nunca mostraram prova disso.
Após a ordem executiva, o Departamento de Comércio dos EUA adicionou a Huawei à chamada “lista de entidades”, que define empresas proibidas de fazer negócios com companhias norte-americanas.
A extensão de 90 dias vai expirar em 19 de agosto, e o próprio comunicado do Departamento de Comércio sugere que, embora outra extensão possa ser concedida em agosto, se necessário, o Google terá que cortar completamente os laços comerciais com a empresa. O que significa que essa extensão não é uma jogada política na guerra comercial entre EUA e China. Isto é pra valer mesmo.
“A Licença Geral Temporária concede às operadoras o tempo para fazer outros arranjos e o espaço do departamento para determinar medidas a longo prazo para americanos e provedores de telecomunicações estrangeiros que atualmente confiam nos equipamentos da Huawei para serviços críticos”, disse o secretário de Comércio, Wilbur Ross, em um comunicado à imprensa. “Em suma, essa licença permitirá que as operações continuem para os usuários de telefones celulares e redes de banda larga rurais existentes da Huawei”.
Com a proibição assinada por Trump, a Huawei lançou uma ofensiva midiática pelo mundo, com a gigante chinesa invocando os princípios liberais dos EUA contra o próprio país.
O vice-presidente da Huawei para a Europa, Abraham Liu, fez um discurso nesta manhã evocando os “pais fundadores dos EUA”, dizendo que eles ficariam alarmados com a decisão do atual presidente dos EUA. Ele também ressaltou que se os EUA estão atacando a Huawei agora, eles poderão fazer isso com qualquer empresa de atuação internacional no futuro.
Liu definiu como “sem precedentes” as ações dos EUA e disse que ele espera que os consumidores da Huawei na Europa tomem suas decisões de forma independente sobre usar ou não produtos da marca.
“Os pais fundadores que escreveram a Constituição dos EUA ficariam alarmados quando confrontados com as ações da administração Trump”, disse o executivo em um comunicado transmitido no canal do YouTube da TV chinesa CGTN.
“A Huawei está se tornando vítima de bullying da administração dos EUA. Isto não é apenas um ataque contra a Huawei, mas um ataque contra os valores liberais, e isso é perigoso”, disse Liu.
A China tem algo em torno de 1 e 3 milhões de muçulmanos vivendo praticamente vivendo em campos de concentração rurais, então fica até um pouco esquisito pregar valores de liberdade, mas enfim…
“Agora, isto está acontecendo com a Huawei. Amanhã poderá ser com qualquer empresas internacional”, disse Liu.