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Após investigações de reguladores, Google confirma compra da Fitbit

Depois de um ano de escrutínio de reguladores, a fusão entre o Google e a Fitbit foi finalmente oficializada.

Depois de um ano de escrutínio de reguladores, a fusão entre o Google e a Fitbit foi finalmente oficializada.

A União Europeia liderou a investigação mais aprofundada sobre o acordo e concedeu uma aprovação condicional no mês passado. O Google precisou fazer várias concessões, inclusive prometer que não vai usar os dados da Fitbit para publicidade direcionada e que manteria o acesso às APIs do Android para terceiros.

“Hoje, tenho o prazer de anunciar que o Google concluiu a aquisição da Fitbit e quero dar as boas-vindas pessoalmente a essa talentosa equipe”, escreveu Rick Osterloh, vice-presidente sênior de dispositivos e serviços do Google em um post no blog da empresa.

Osterloh também falou sobre um ponto que causa preocupação em muita gente. O Google é conhecido pelo seu império de dados, e ele comprou a Fitbit, que é conhecida pelo seu império de dados de saúde. Isso deixou muitos usuários desconfiados quando o negócio foi anunciado, em novembro de 2019. Muitos clientes leais da Fitbit disseram na época que iriam mudar para outra marca.

“Vamos trabalhar de perto para criar novos dispositivos e serviços que ajudem você a aprimorar seu conhecimento, sucesso, saúde e felicidade”, escreve Osterloh. “Sua privacidade e segurança são fundamentais para alcançar isso e temos o compromisso de proteger suas informações de saúde e colocá-lo no controle de seus dados.”

Osterloh também enfatizou que a fusão entre o Google e a Fitbit “sempre foi sobre dispositivos, não dados” antes de reiterar que o Google havia feito “compromissos” de não usar os dados da Fitbit para anúncios, manter o acesso à API Android e permitir aos usuários da Fitbit que possam se conectar com serviços de terceiros.

Esse sentimento também ecoou no post do CEO da Fitbit, James Park, sobre a fusão. “A confiança de nossos usuários continuará a ser primordial e manteremos fortes proteções de privacidade e de segurança, dando a você o controle de seus dados e mantendo a transparência sobre o que coletamos e por quê.”

Existe, no entanto, um possível obstáculo. Segundo o Verge, autoridades australianas não chegaram a uma decisão final sobre a fusão, e o Google pode levar uma multa de US$ 400 milhões. A investigação deve chegar ao fim em 25 de março de 2021. O prazo do acordo do Google com a Fitbit já havia sido prorrogado uma vez para fevereiro de 2021. É possível que o Google tenha pesado os prós e contras e decidido que a multa de US$ 400 milhões compensaria o lucro potencial com a operação.

Em um e-mail para o Gizmodo, um porta-voz do Google disse que o negócio foi analisado por reguladores de todo o mundo, incluindo a Comissão Europeia, a Comissão de Concorrência da África do Sul e a Comissão de Comércio Justo do Japão. Eles disseram que o negócio foi fechado sem objeções do Departamento de Justiça dos EUA e da Agência Canadense de Concorrência. O porta-voz também observou que a empresa continuaria a colaborar com os reguladores australianos durante sua análise.

Independentemente disso, essa fusão é um grande negócio no setor de vestíveis. Nos últimos anos, o Wear OS do Google tem ficado atrás de concorrentes como Apple, Samsung e a própria Fitbit.

Em parte, isso aconteceu porque o Google não fabrica seus próprios smartwatches e depende de empresas terceiras, como a Fossil, para criar o hardware. Eles, por sua vez, foram prejudicados pelo processador Snapdragon Wear da Qualcomm, que ficou muito tempo desatualizado. Se tudo der certo, esperamos que a Fitbit ajude a melhorar o Wear OS. Pode ser que surja aí um Frankenstein OS, combinando o melhor das duas plataformas.

Enquanto isso, a Fitbit agora terá acesso aos vastos recursos do Google e um alcance global ainda maior. Antes de 2020, ela teve dificuldades para fazer a transição dos rastreadores de exercícios — que garantiam o pão de cada dia da companhia — para smartwatches.

Ela adquiriu a Pebble em 2017 e depois lançou seu primeiro smartwatch, o Ionic. Era um smartwatch desajeitado. O segundo modelo, o Versa, fez mais sucesso, mas ficou estagnado. As melhorias nas versões seguintes foram apenas incrementais. Enquanto isso, a concorrência apresentava novos recursos, como eletrocardiogramas autorizados por entidades médicas como a FDA, dos EUA. Em 2020, a Fitbit finalmente saiu do marasmo, com novos recursos de software, o ótimo smartwatch Sense, o Versa 3 e o Inspire 2.

As preocupações com privacidade, segurança e concorrência em torno deste negócio são legítimas. A Fitbit, por exemplo, tem sido consistentemente o único fabricante de wearables independente de plataforma nos últimos anos. Park diz que a empresa manterá esse compromisso após a fusão, mas só o tempo dirá. Afinal, o Google prometeu que a Nest permaneceria uma entidade separada e acessível a todos quando o negócio foi fechado em 2014, antes de forçar os usuários a migrar em 2019.

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