Por que este simples site do Governo Britânico ganhou o prêmio de melhor design do ano?

Quando foi a última vez que você tentou encontrar na Internet um formulário para serviços do governo? Para mim, foi há uns meses, quando estava tentando rastrear um voto à distância. E mesmo amando GIFs da bandeira americana, estava perdida no labirinto de sites separados nos quais eu tive que entrar antes de encontrar o […]

Quando foi a última vez que você tentou encontrar na Internet um formulário para serviços do governo? Para mim, foi há uns meses, quando estava tentando rastrear um voto à distância. E mesmo amando GIFs da bandeira americana, estava perdida no labirinto de sites separados nos quais eu tive que entrar antes de encontrar o que eu precisava. Levar para a web tudo que um governo oferece é uma tarefa que demanda muito esforço. O Reino Unido é um dos poucos países que conseguiu fazer isso, com o Gov.uk, que reúne todos os serviços e foi lançado no começo do ano.

Ontem, numa cerimônia em Londres, o site ganhou o prêmio de Melhor Design de 2013, dado pelo Museu do Design, superando outros 99 concorrentes, que incluíam prédios, invenções e carros. Além disso, o Gov.uk é o primeiro site a ganhar o prêmio, que foi criado há seis anos — o que mostra o quão marcante é essa realização.

Eis o que o torna tão especial.

O que faz com que um site tão seco, sem graça e objetivo mereça o prêmio? Sua objetividade, na verdade. “Havia milhares de websites, e nós juntamos tudo no Gov.uk para fazer apenas um”, diz Ben Terret, chefe de design do Serviço Digital do Governo Britânico, num vídeo produzido pela revista Dezeen. “Encontrar uma prisão deveria ser tão fácil quanto agendar um exame de habilitação para dirigir.”

Sites de governos têm um caso de uso radicalmente diferente do um, digamos, blog de tecnologia. Como Terrett observa, a maioria das pessoas visita um site .gov uma ou duas vezes por ano, se é que visita. Então, desenhar uma interface dinâmica e arejada é irrelevante — em vez disso, a ideia era fazer a experiência do usuário o mais simples e estática possível.

Há apenas uma fonte no Gov.uk, e a sombria paleta de cores é composta por gradientes de branco e preto, além de clássicos links azuis. Não há logos do Pinterest, não há conteúdo de blog, são pouquíssimas imagens. “Você não tem que entrar no site e dizer ‘nossa, olhe esse design!'”, diz Terrett. “Você tem que entrar no site e descobrir o valor do salário mínimo.”

Ele descreve o Gov.uk como uma tentativa de levar para o webdesign a velocidade de outras tecnologias, como o Google Glass, em que a interface do usuário desaparece. “Nós ainda não conseguimos isso com a maioria das interfaces web, [em que] você ainda pode ver o design gráfico”, ele diz. “Mas a tecnologia vai mudar e isso vai ser passado.”

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O Serviço de Design do Governo Britânico faz um pouco de tudo, desde criar padrões de TI no país até desenvolver o vergonhoso app de iPad do David Cameron. Eles estão silenciosamente abrindo o caminho para outros países tentarem levar todo seu peso para a web — de fato, já que eles até mesmo colocaram o código do site no GitHub. Então teoricamente, todo país — ou estado, ou empresa — pode adotar o mesmo padrão que foi eleito o design do ano.

Claro, não há um único objeto que podemos chamar de “melhor design” dos últimos 365 dias. Design pode se referir a quase tudo feito por mãos humanas e tentar reduzir tudo isso a um projeto vencedor é um jeito muito simplista de resolver essa questão. Mesmo assim, considerando o monte de prêmios chamativos que existem por aí, foi uma decisão bem pensada por parte do Museu do Design. Seria fácil dar o troféu para o objeto mais bonito. Mas, ao invés disso, ele foi para o mais simples.

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