
Gripe aviária está a uma mutação da contaminação de humanos, diz estudo

Biólogos do Instituto de Pesquisa Scripps, da Califórnia, EUA, descobriram que um vírus da gripe aviária está a apenas uma mutação de ter receptores prontos para humanos. A mutação em questão seria a transformação de aminoácido glutamina para leucina, especificamente no “resíduo 226 da hemaglutinina do vírus”.
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O novo estudo, publicado na Science, afirma que o H5N1 tem o potencial de mudar rapidamente de uma gripe aviária para uma gripe humana. Sendo assim, o patógeno, que surgiu pela primeira vez na América do Norte em 2021, infectaria pessoas com a mesma eficácia que animais.
Se isso acontecer, poderá levar a taxas de infecção generalizadas. De acordo com os autores, “na natureza, a ocorrência dessa única mutação pode ser um indicador de risco de pandemia humana”. A descoberta foi uma supresa para os cientistas, segundo o coautor James Paulson, ao Los Angeles Times.
Como a gripe aviária pode chegar em humanos?
Basicamente, um hospedeiro deve ter os receptores adequados em suas células para que um vírus se prenda a ele. E esses receptores dos pássaros e humanos são diferentes. Porém, desde 2021,o vírus H5N1 já conseguiu se ligar a mamíferos marinhos e até alguns humanos, através do leite do gado. Muitos dos casos são de trabalhadores de laticínios, nos quais os vírus podem ter entrado pelos olhos e nariz.
Contudo, uma disseminação rápida e fácil teria que ocorrer pela transmissão por gotículas no ar, como espirro ou tosse, o que ainda não aconteceu com o H5N1. “Nesse contexto, o vírus precisa ser capaz de reconhecer receptores do tipo humano para se ligar às células nas vias aéreas humanas em quantidades suficientes para causar infecção”, explicou Paulson.
Para se chegar à descoberta, a equipe de pesquisa sintetizou a sequência genética para a cepa da gripe aviária encontrada em um trabalhador de laticínios do Texas. Ele foi primeiro humano conhecido infectado com o vírus. Então, examinaram as proteínas na superfície externa do vírus, onde ele se liga à membrana celular de seu hospedeiro. Analisando casos anteriores, eles descobriram que uma mudança de glutamina para leucina na posição 226 mudaria o vírus para um modo compatível com a fácil infecção humana.
No Brasil, o Butantan já submeteu um pedido à Anvisa para iniciar pesquisa com vacina contra gripe aviária em humanos. Leia mais no Giz Brasil.