Ciência

Cientistas querem criar galinhas mutantes para frear gripe aviária

Durante um estudo, pesquisadores editaram uma proteína das aves e, como resultado, 9 a cada 10 delas se mostraram resistente à gripe aviária. Saiba detalhes
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

De acordo com um novo estudo publicado na revista Nature Communications, a edição de genes de aves poderia conter a propagação da gripe aviária. Atualmente, o mundo está passando pelo maior surto já registrado da doença.

De modo geral, o risco de transmissão da gripe aviária entre humanos é baixo. Mas autoridades estão preocupadas com os sinais de que mais mamíferos estão sendo contaminados desta vez, como guaxinins, focas, golfinhos e outros.

Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), até agora foram confirmados cerca de 139 focos da doença no Brasil. Caso o surto se expanda no país, o prejuízo pode ser de até R$ 22 bilhões, de acordo com pesquisa da FGV.

A solução genética

O vírus que está circulando é o H5N1, conhecido desde 1996 e considerado de alta patogenicidade. Atualmente, a vacinação dos animais é o método primordial para prevenir surtos de gripe aviária.

Contudo, o vírus da doença evolui rapidamente, o que torna as vacinas existentes menos eficazes com o tempo. Além disso, existem múltiplas cepas do vírus da gripe aviária, mas uma vacina é eficaz apenas contra uma cepa específica.

Dessa forma, pesquisadores buscaram uma solução mais duradoura. A edição de genes proposta por eles visa alterar uma proteína específica (ANP32A) no organismo das aves que são essenciais para a reprodução de todas as variações do vírus da gripe aviária.

De modo geral, os cientistas ressaltam que o processo não é uma modificação genética – isso envolveria a transferência de um gene de uma espécie para outra. O que eles propõem no novo estudo é a edição de genes utilizando tesouras moleculares conhecidas como CRISPR/Cas9.

As aves com edição de genes foram acompanhadas  atingiram a maturidade sem consequências adversas à sua saúde.

De acordo com os pesquisadores, quando bem feita, a edição de genes pode ocorrer naturalmente nos animais descendentes. E, quando expostas ao vírus da gripe aviária, 9 em cada 10 delas demonstraram resistência completa.

Contudo, eles também descobriram que o vírus da doença era capaz de se adaptar para usar a proteína ANP32A editada e de outras duas relacionadas. “Mas demonstramos por meio de experimentos em células que a edição simultânea das três proteínas poderia suprimir completamente o vírus”, explicou Alewo Idoko-Akoh, autor do estudo.

Agora, a pesquisa em andamento visa identificar a combinação específica de edições genéticas necessárias para criar a próxima geração de galinhas resistentes contra a gripe aviária.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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