A ilha gelada da Groenlândia, no Ártico, está 2,7ºC mais quente que a média registrada durante todo o século 20. A temperatura é a mais alta em 1.000 anos, mostrou levantamento do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha, da Alemanha, publicado na última quarta-feira (18).
Segundo o estudo, os núcleos de gelo da Groenlândia não dão sinais claros dos efeitos do aquecimento global na região centro-norte da ilha – a parte mais remota do território dinamarquês. Mas nos núcleos de gelo perfurados em 2011 há um aumento dramático na temperatura.
“Continuamos vendo o aumento das temperaturas entre 1990 e 2011”, disse Maria Hoerhold, glaciologista e principal autora do estudo. “Temos agora uma assinatura clara do aquecimento global”.
São necessários muitos anos para analisar os dados dos núcleos de gelo. A pesquisadora já recebeu as informações dos núcleos de 2019, mas ainda não concluiu os estudos. Mas, segundo ela, é muito provável que o aumento da temperatura continue, uma vez que o manto de gelo e geleiras da Groenlândia estão derretendo mais rápido que antes.
Análise antiga
Os núcleos de gelo são usados para analisar as temperaturas da Groenlândia dos anos 1000 a 2011. Nos primeiros 800 anos, os termômetros parecem mais inclinados a esfriar. Depois, sobem e descem até atingir um pico agudo a partir de 1990.
A partir de 1995, o salto na temperatura é muito maior que os tempos pré-industriais, quando havia “quase zero” chance de uma mudança climática causada pelo homem. Esse pico também reflete um aumento repentino na quantidade de água que escorre do gelo que derrete na Groenlândia.
“Devemos estar muito preocupados com o aquecimento do norte da Groenlândia”, alertou o cientista de gelo do Instituto Meteorológico Dinamarquês, Jason Box, ao site Phys. Segundo ele, essa região tem diversos gigantes de gelo adormecidos que, se derretidos, causarão destruição em todo o mundo.