Oficiais militares americanos dizem que precisamos nos preparar para uma guerra espacial
O que é velho infelizmente se torna novo mais uma vez. Recentemente, dois oficiais militares norte-americanos disseram que nós devemos nos preparar para uma guerra no espaço, uma frase que tenho vergonha de estar escrevendo no ano de 2017. Seu conselho parecia reforçado por um artigo publicado na Hill, escrito por dois especialistas em segurança nacional, que lembravam os americanos que os norte-coreanos poderiam, em teoria, usar uma arma satélite para mandar um pulso eletromagnético sobre os Estados Unidos, causando blecautes e, por fim, o colapso social. Parece que aqueles medos de Guerra Fria que os Baby Boomers reprimiram durante décadas estão finalmente se realizando!
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“Assim como as armas nucleares são impedidas de serem usadas ao convencer os adversários em potencial que não existe benefício em atacar, nós precisamos manter uma postura no espaço que comunica a mesma mensagem estratégica”, disse Charles A. Richard, vice-almirante da marinha dos Estados Unidos e comandante-adjunto do U.S. Strategic Command (USSTRATCOM), Charles A. Richard, em 22 de março, durante uma conferência em Washington, como relatado pelo Space.com. “Eu defendo que o melhor jeito de prevenir a guerra é se preparar para a guerra, e nós faremos questão de que todos saibam que estamos preparados para lutar e vencer guerras em todos os domínios, incluindo o espaço.”
Se isso não fosse perturbador o bastante, algumas semanas antes, o chefe da Força Aérea do Staff, General David Goldfein, disse a David Ignatius, do Washington Post, que seu braço militar está trabalhando em direção à “superioridade espacial”, que ele explicou como sendo “liberdade para atacar e liberdade para manobrar”.
Embora os comentários de Richard e Goldfein pareçam ter surgido do além, existe uma longa história de políticas, e ações, sobre a guerra espacial. Em 1967, no começo da corrida espacial, o Tratado do Espaço, das Nações Unidas, baniu o uso de armas nucleares ou outras armas de destruição em massa de serem usadas de qualquer lugar no espaço. Mas isso não impediu as potências da Guerra Fria de propagarem a ideia de que uma guerra espacial estava próxima. Em 1983, o presidente Ronald Reagan introduziu a Strategic Defense Initiative (SDI), também conhecida como Guerra nas Estrelas, que foi um plano para lançar um sistema de mísseis antibalísticos ao espaço para proteger os americanos de um ataque soviético. Os russos similarmente brincaram com a ideia de criar “satélites suicidas”, que eram essencialmente naves espaciais com canhões acoplados. Como o SDI, a ideia foi descartada.
Então no começo dos anos 2000, sob o comando do presidente George W. Bush, a noção de levar nossas guerras para as fronteiras do espaço ressurgiu.
“A ideia da ‘guerra espacial’ viveu basicamente dentro da ficção científica durante muitos anos, mas virou uma parte importante das discussões políticas dos Estados Unidos com o Secretário de Defesa Donald Rumsfeld, que falou sobre a inevitabilidade da guerra no espaço, pois a guerra já acontecia nos domínios do ar, terra e mar”, disse Joan Johnson, professor e ex-líder do National Security Affairs, do US Naval War College, em conversa com o Gizmodo. “Ele até comentou sobre um ‘Pearl Harbor’ espacial.”
As coisas ficaram um pouco mais reais em 2007, quando a China usou uma arma anti-satélite da Terra para explodir um de seus próprios satélites meteorológicos no espaço. Logo em seguida, o New York Times relatou o que especialistas em controle de armas chamaram o teste de “um desenvolvimento perigoso que pode apontar para uma corrida armamentista anti-satélite”. Quando o presidente Obama foi empossado, houve um período de calma até 2013, quando a China lançou um foguete que era ostensivamente para uma missão científica; supostamente, alguns pesquisadores ficaram preocupados que esse era um teste para futuras armas anti-satélite.
Imagem: Wikimedia Commons
“Com o lançamento chinês de 2013, o consenso da restrição estratégica começou a se desenvolver”, Freese disse. “O lançamento, que foi feito logo após tanto a Rússia quanto a China testaram satélites manobráveis em órbita baixa sobre a Terra, uma capacidade que, até recentemente, tinha sido demonstrada apenas pelos EUA, levou a algo como um ‘pânico silencioso’ dentro da comunidade americana de segurança espacial nacional.”
Então, por mais que o medo de uma guerra espacial não seja nada novo, essa ansiedade perene não está ficando mais fácil de lidar. Embora comentários recentes de oficiais militares possam parecer agressivos e alarmistas, Freese disse que, considerando tudo, eles diminuíram bastante o tom desde então. Sinceramente, um conflito no espaço pode ser desastroso para os astronautas na Estação Espacial Internacional, satélites de comunicação e, por extensão, o resto de nós aqui na Terra. O custo humano para um ataque EMP que causaria um blecaute na rede elétrica não é brincadeira, apesar de algumas afirmações que tal ataque mataria 9 entre dez americanos podem ser um exagero imenso.
“O general da Força Aérea e comandante do STRATCOM John Hyten abaixou seu tom e agora parece defender o evito de conflitos, já que conflitos danificariam ou destruiriam o ambiente espacial crítico para o exército dos Estados Unidos e operações diárias civis”, Freese disse. “Essa abordagem mais prudente faz mais sentido, em termos de alcançar os objetivos espaciais dos EUA de estabilidade, acesso seguro e proteção do ambiente, do que mostrar os dentes no espaço.”
Imagem do topo: Wikimedia commons