Guerra interrompe projetos e ameaça cientistas na Ucrânia
A Rússia iniciou uma invasão à Ucrânia nesta quinta-feira (24). Pouco antes do amanhecer, foram registradas explosões em diversas cidades, incluindo a capital Kiev. O presidente russo Vladimir Putin havia feito um discurso na noite anterior dizendo que aqueles que se sentirem tentados a intervir enfrentarão consequências graves.
Cientistas da Ucrânia temem as consequências do conflito. Desde a Revolução Ucraniana de 2014, as pesquisas feitas por lá são, sobretudo, vinculadas à União Europeia. Mas essa ofensiva russa pode colocar anos de pesquisa abaixo.
Em entrevista à Nature, pesquisadores do país expuseram seus medos. Eles explicam, por exemplo, que a situação econômica da Ucrânia será prejudicada, levando a um menor financiamento em pesquisa. Com a chegada de uma guerra, o governo deve focar nas forças armadas e na ajuda humanitária.
Oleksandr Berezko, pesquisador da Universidade Nacional Politécnica de Lviv, conta que estava organizando uma discussão sobre ciência aberta para o final de março. Seus planos devem ser cancelados, assim como muitas outras conferências do país. Tanto reuniões internas quanto externas serão dificultadas pela guerra.
Na Universidade Nacional Agrária de Sumy, a 30 quilômetros da Rússia, funcionários receberam treinamento para remover equipamentos científicos e espécimes biológicas em caso de ameaças. Cientistas também estão separando malas com documentos e itens essenciais para deixar o país.
Em 2014, após a invasão russa à Crimeia, instituições de pesquisa da região, antes administradas pela Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, foram transferidas para controle russo. Cerca de 18 universidades tiveram que se mudar e muitos pesquisadores perderam suas casas e laboratórios.
Agora, o desenvolvimento científico na Ucrânia está por um fio.