Um estudo brasileiro revelou que povos originários encontraram pegadas de dinossauros há cerca de nove mil anos — muito antes dos colonizadores europeus. De acordo com a pesquisa, as comunidades conviviam e provavelmente davam suas interpretações aos fósseis. Isso porque eles sinalizavam as pegadas de dinossauros com marcas em pedras, que duram até hoje, no sítio arqueológico Serrote do Letreiro, na cidade de Sousa, na Paraíba. O estudo foi publicado recentemente na revista Scientific Reports.
Entenda a pesquisa
Sousa é uma cidade repleta de pegadas de dinossauros. Por lá, há trilhas com as marcas que são preservadas, além de um museu dedicado aos fósseis da região. No novo estudo, os pesquisadores descreveram especificamente um dos sítios arqueológicos que existem por lá, o Serrote do Letreiro.
O local ganhou este nome justamente pela quantidade de inscrições dos povos originários nas rochas, os chamados petroglifos. De acordo com os pesquisadores, os registros dessas comunidades geralmente se posicionam lado a lado com as pegadas de dinossauros.
O curioso é que a maior concentração de inscrições ocorre associada às pegadas, como se os povos antigos tivessem reconhecido a presença daquelas estruturas curiosas. E intencionalmente não desenharam sobre elas, mas no seu entorno. pic.twitter.com/YLS1yIotC6
— Aline Ghilardi (@alinemghilardi) March 22, 2024
Em geral, as marcas são circulares, com três divisões internas. Algumas inscrições, inclusive, imitam as patas dos animais no formato tridáctilo, ou seja, com três dedos marcados, como na imagem abaixo.
Além dos dinossauros
Para Aline Ghilardi, paleontóloga e uma das cientistas envolvidas na pesquisa, a descoberta revela que, além da presença dos dinossauros e de povos originários na região, os fósseis também ajudam a contar a história da humanidade e a sua relação com o mundo natural.
Apesar das marcas descritas na pesquisa estarem em Sousa, petroglifos similares ocorrem em toda a região. Isso também inclui partes do Rio Grande do Norte e Ceará. De modo geral, os registros indicam que povos originários brasileiros viveram por toda essa área há cerca de nove mil anos.
“O Sítio Serrote do Letreiro nos lembra que a relação das pessoas com os fósseis vem de muito antes da ciência ocidental se instalar. Desde tempos remotos as pessoas interagem com os fósseis e, à sua maneira, encontram significados e explicações para eles”, afirmou Ghilardi.