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O HoloLens 2 é incrível, mas ainda não é para você

A Microsoft finalmente se ligou sobre a verdadeira função do HoloLens. Recentemente, tive a oportunidade de testar o novo HoloLens 2, e depois de usá-lo e levar um tempo para calibrar o monitoramento ocular, eu pude instantaneamente me mover por uma sala e interagir com objetos criados a partir da luz. Foi esquisitamente natural participar […]

Óculos HoloLens 2

Alex Cranz/Gizmodo

A Microsoft finalmente se ligou sobre a verdadeira função do HoloLens. Recentemente, tive a oportunidade de testar o novo HoloLens 2, e depois de usá-lo e levar um tempo para calibrar o monitoramento ocular, eu pude instantaneamente me mover por uma sala e interagir com objetos criados a partir da luz. Foi esquisitamente natural participar de um mundo de realidade aumentada.

Vi um helicóptero voando sobre um sofá real, e quando me aproximei dele, a caixa invisível que cercava o objeto revelou bordas brilhantes, que podiam ser arrastadas para redimensionar a aeronave virtual. Foi só pinçar e puxar para ele girar. Não havia nada em minhas mãos. Nada de luvas especiais ou controles. O HoloLens 2 monitorou meus dedos, e eu sabia exatamente o que fazer. Foi uma interação perfeita. E, no mesmo espaço curto de tempo, ficou claro que o consumidor médio não vai ter um HoloLens tão cedo.

O primeiro HoloLens era uma promessa. Todo ano após seu anúncio, a Microsoft o promovia no palco de sua conferência anual de desenvolvedores, a Build, e parecia que estávamos presenciando o futuro da computação. Como se a Microsoft estivesse nos preparando para vestirmos estes óculos gigantes e nos colocar em um mundo livre de monitores e gabinetes de computador.

No entanto, começou a parecer que tudo isso não passava de meros teasers. Em 2017, nos perguntamos como seria este futuro. Mais ou menos nessa mesma época, a Microsoft mudou as aspirações de uso, que deixaram de ser nossas casas e passaram para fábricas e grandes corporações.

Em 2018, fui à Build, e participei de várias demos do HoloLens. Elas se concentravam em mostrar como o HoloLens funcionava para pessoas trabalhando em fábricas ou consertando máquinas pesadas.

A Microsoft balanceou o peso do HoloLens 2 colocando a CPU e a bateria na parte traseira. O carregamento é feito via porta USB-C. Crédito: Alex Cranz/Gizmodo

No Mobile World Congress, a Microsoft finalmente mostrou o HoloLens 2, e a maioria das conversas era, novamente, sobre onde os grandes óculos poderiam ser usados. O foco eram fábricas. Em negócios onde ferramentas especializadas fazem você parecer um pouco esquisito, a utilidade do acessório é interessante, pois torna tudo mais prático — e a praticidade supera a esquisitice. Era, na verdade, um novo produto, que é uma peça impressionante de hardware e uma atualização significante quando comparada com o HoloLens original.

Como é usar o HoloLens 2

O HoloLens 2 tem um campo de visão maior que o HoloLens original, e é comparável com o do Magic Leap One. O campo de visão é essencialmente a extensão de espaço que você pode ver que está sendo “aumentado”. O HoloLens original era de 30 graus por 17,5 graus, enquanto o Magic Leap One é 40 graus por 30 graus, e o HoloLens 2 é 43 graus por 29 graus. O campo de visão humano médio é de 220 graus. Então, o HoloLens 2 tem ainda muito a melhorar. Ele ainda fornece, essencialmente, uma janela para o mundo de realidade virtual. Basta se aproximar de objetos de realidade aumentada, e você encontrará partes dele cortadas à medida que saem de seu campo de visão.

Mas o campo de visão do HoloLens 2 é ainda impressionante para realidade aumentada. A Magic Leap alcança um campo de visão parecido por meio de uma tecnologia nova, que fez os investidores se empolgarem e despejarem bilhões na empresa. A Microsoft veio com sua própria alternativa. No caso, ela atira lasers em espelhos que se movem super-rápido e dispersam a luz através das lentes refletivas, criando, assim, os objetos de realidade aumentada.

É uma solução inteligente, que permite um campo de visão maior que o HoloLens original, embora ocupe menos espaço, de modo que a Microsoft conseguiu colocar mais sensores e câmeras na parte frontal do headset. A parte traseira do headset é composta pelo computador e bateria que são responsáveis por tudo.

O headset é, consequentemente, confortável e bem balanceado, e tem sensores suficientes para rastrear suas mãos (o que é útil para interações sem controle) e seus olhos (útil para fazer com que objetos de realidade aumentada “reajam” com mais naturalidade e pareçam menos coisas presas em uma tela semitransparente a uma polegada de seus globos oculares).

Mas a decisão da Microsoft de usar lasers, que fornecem luz colorida em comprimentos de onda muito estreitos (comparado com displays LED tradicionais) é um problema. Sendo mais específico, um tipo de mudança de cor chamada metamerismo. Quanto mais estreito for o comprimento de onda da luz, mais provável que seus olhos e meus olhos percebam o mesmo comprimento de onda de cor de forma diferente. Junta-se a isso a forma que os espelhos dispersam a luz. No fim das contas, a unidade que usei tem alguns problemas graves de cor, quase como se eu estivesse olhando um holograma barato.

Na lateral, é possível ajustar o volume do HoloLens 2. Crédito: Alex Cranz/Gizmodo

Greg Sulliivan, diretor de comunicação da Microsoft, me disse que o software da versão que testei não era a final, e que havia ainda algum trabalho para corrigir estes problemas de mudança de cor. Isso, na verdade, é uma questão da tecnologia de realidade aumentada, como um todo. As barreiras para pequenos headsets estão em como a informação é exibida, não em como se interage com objetos criados ou mesmo em como estes objetos são criados pelo computador. A tecnologia de display tem ainda muito a melhorar antes que estes óculos possam ser reduzidos a um tamanho apropriado para usuários convencionais usarem.

Por que ele ainda não está pronto para você?

O HoloLens 2 está fazendo um novo tipo de computação, então você poderia pensar que a interação é a parte desafiadora disso tudo. Levamos anos para ter a interface gráfica de usuário que usamos em desktops, mas a Microsoft praticamente dominou a forma como interagiremos com coisas em realidade aumentada em questão de anos. Agora, todo mundo, especialmente a Magic Leap, precisa prestar atenção nos problemas que o HoloLens 2 resolveu.

E nós precisamos estar conscientes dos problemas que ainda existem no aparelho. A utilidade de realidade aumentada ainda é limitada para que valha a pena para o usuário médio. Não quero usar um grande headset enquanto estou cozinhando só para ver o passo a passo de uma receita para não precisar checar meu computador. Preferiria levar um soco a andar com um negócio desses por aí só para ver a direção que devo seguir para ir a um local que não conheço. Sim, a realidade aumentada pode ser até útil para as pessoas atualmente, só que a tecnologia não é boa o suficiente para que qualquer um de nós queira utilizá-la.

Me lembra um pouco os primeiros fones de ouvido Bluetooth. Quando você via alguém com aquele pequeno objeto no ouvido, você sabia que ou a pessoa estava trabalhando ou era um babaca. Estar com um HoloLens por aí seria mais como esta segunda situação que eu descrevi.

Para olhar as pessoas nos olhos, basta colocar o visor para cima. Crédito: Alex Cranz/Gizmodo

No caso dos fones de ouvido, o divisor de água foram os AirPods, da Apple. Os headsets de realidade aumentada ainda estão aguardando para os AirPods da categoria.

E, após usar o HoloLens 2, certamente parece que vamos ter de esperar bastante. Estamos ainda numa era inicial de realidade aumentada — algo que até o diretor de comunicação da Microsoft admitiu. A outra empresa de realidade aumentada, a Magic Leap, parece sugerir que a adoção de realidade aumentada virá num grande salto, mas a Microsoft optou por passar por pequenas etapas incrementais.

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