“O amor não pode ser decidido por algoritmos”, diz diretora do app de encontros Happn
Conhecer novas pessoas pela internet não é exatamente uma novidade — muito antes do Tinder, havia sites como o OkCupid e o Match.com e, antes deles, existiam as salas de bate-papo. Marie Cosnard, diretora de tendências do Happn, acredita que seu app seja diferente: em sua apresentação, realizada hoje (29) na Campus Party, em São Paulo, ela enfatizou que o Happn traz o mundo real para o aplicativo, ao invés de criar um mundo virtual de encontros.
O Happn tem uma dinâmica que lembra muito a do Tinder: você vê pessoas, curte aquelas pelas quais você se interessou e, caso alguma delas também curta você, vocês dois podem conversar. Há algumas diferenças sensíveis, entretanto.
No Tinder, você vê pessoas que estão a uma determinada distância, organizadas por um algoritmo; em outros sites de encontro, você procura pessoas por sua compatibilidade com elas. O Happn funciona de um jeito diferente: ele lista pessoas que estiveram nos mesmos locais que você. “É uma linha do tempo, que mostra as pessoas que você encontrou ao longo do dia, não algo aleatório”, explica Marie.
A ideia é mostrar pessoas que passaram pelo seu caminho, mas que você não teve a oportunidade de conhecer, talvez porque não viu ou porque ficou constrangido para puxar conversa. E Marie faz questão de dizer que o Happn é para conhecer pessoas — o resto fica a cargo delas. “O amor é uma questão de chance, de oportunidade. Ele não pode ser decidido por algoritmos”, afirma a executiva.
De fato, o Happn não filtra pessoas por interesses, compatibilidade ou características físicas — você decide apenas a faixa de idade e o sexo das pessoas que quer ver, e o app mostra todas as pessoas que atendem a esses critérios e que estiveram nos mesmos locais que você. “A localização é o único filtro, um filtro natural.”
Isso funciona? Bem, o Happn foi lançado em janeiro de 2014 em Paris, na França, e já tem 11 milhões de usuários nas mais de 35 cidades em que foi lançado.
Ele adota um modelo freemium, gratuito para usar, mas com microtransações para alguns recursos. Os Charmes, um modo de chamar a atenção de quem ainda não curtiu o seu perfil, são vendidos — o pacote com 10 Charmes custa R$ 7,89. Marie diz que o Happn nunca terá perfis premium nem separará usuários pagos de gratuitos.
O aplicativo está disponível no Brasil desde abril de 2015. De lá para cá, nosso país já se tornou o mercado número 1 do aplicativo: são 1,7 milhão de usuários. A meta, segundo Marie, é chegar a 4 milhões até o fim do ano. Na palestra, ela brincou e se mostrou otimista: “vocês, brasileiros, são muito sociais. Acho que vamos conseguir.”