Tecnologia

IA desvenda mistério de famosa pintura renascentista do século 15

Treinada por uma extensa análise de 49 obras comprovadas de Rafael, a IA oferece uma verificação detalhada de cada pintura de Rafael.
Imagem: Reprodução

Cinco séculos após Rafael pintar a obra “Madonna della Rosa” (“A Virgem da Rosa”, em português), uma IA consegue resolver o mistério sobre a autenticidade da pintura renascentista.

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A “Madonna della Rosa”, que exibe Maria com Jesus bebê, José e João Batista, é reconhecida por sua composição harmoniosa e delicada representação da Virgem Maria. Essa obra ocupa um lugar significativo no legado de Rafael devido ao seu uso inovador de cor e luz.

Desde o século XIX, historiadores da arte debatem, sem conclusão, sobre a possibilidade de a figura de José não ser uma criação de Rafael. Contudo, uma IA desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Bradford, na Inglaterra, colocou fim ao mistério. A IA constatou que o rosto de José, de fato, não foi pintado por Rafael.

IA analisou mais de 4 mil elementos da pintura renascentista

Hassan Ugail, que liderou o estudo publicado na revista Heritage Science, desenvolveu a IA capaz de identificar pinturas autênticas de Rafael com uma precisão de 98%.

Este algoritmo funciona como um detetive digital de arte, analisando mais de quatro mil aspectos de uma obra. A IA examina cada pincelada, esquemas de cores e tons para autenticar as criações de Rafael.

Treinada por uma extensa análise de 49 obras comprovadas de Rafael, a IA oferece uma verificação detalhada de cada pintura. Além disso, a IA aprendeu nuances do estilo de Rafael, incluindo sua paleta de cores, matizes, pinceladas e abordagem artística geral.

Nas avaliações iniciais da ‘Madonna della Rosa’, a IA sugeriu uma participação de 60% de Rafael. Um exame mais detalhado identificou o rosto de José como o elemento onde Rafael não contribuiu.

Howell Edwards, co-autor do estudo, disse ao Guardian que “a análise da IA do nosso projeto demonstrou que, enquanto as três figuras da Madonna, Jesus e São João Batista são, sem dúvida, de Rafael, a de São José não é, e foi pintada por outra pessoa.”

Críticas sobre o uso de IA

Apesar das preocupações sobre a IA substituindo humanos, os autores do estudo enfatizam que a IA pode ser um recurso útil para historiadores da arte e colecionadores.

Ugail, que não tem formação em arte, reconhece as reações mistas dos historiadores da arte à sua pesquisa. “Eu acredito que há medo e eles também acham que somos ingênuos, que não sabemos o que estamos fazendo”, disse.

De acordo com cientista, os historiadores da arte reconhecerão eventualmente a IA como uma ferramenta valiosa na autenticação das obras, complementando, mas não substituindo, a expertise humana.

“O processo de autenticação de uma obra envolve olhar para muitos aspectos… sua origem, pigmentação, condição da obra e assim por diante. Portanto, essa tecnologia pode ser uma ferramenta para auxiliar no processo”, concluiu.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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