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Imagem histórica de buraco negro fica mais nítida graças à IA

Grupo liberado por brasileira reprocessou dados originais para produzir uma imagem mais nítida. Buraco negro ficou mais “negro” na nova foto

Imagem histórica de buraco negro fica mais nítida graças à IA

Imagem: Lia Medeiros et al 2023/Reprodução

Um grupo de astrônomos – liderados pela cientista brasileira Lia Medeiros – apresentou uma nova versão da foto captada do buraco negro da galáxia M87, melhorada através de recursos de IA (Inteligência Artificial). Há quatro anos, a imagem ficou famosa em todo mundo por ser a primeira feita de um buraco negro.

Dessa forma, a foto histórica é o resultado do projeto EHT (Event Horizon Telescope). Ele é uma colaboração internacional que envolveu fotografar o buraco negro a partir de vários observatórios ao redor da Terra, em 2017, e, posteriormente, combinar os dados para criar uma imagem única do objeto.

Na imagem original – apresentada pela primeira vez em 2019 –, era possível ver um buraco avermelhado fora de foco, cercado por um material de aparência incandescente. Então, na foto melhorada, o buraco negro está mais “negro” e com um anel circundante mais fino e nítido. No vídeo abaixo, é possível ver a comparação entre a foto original e a melhorada por IA:

Como surgiu o efeito

Para conseguir tal feito, os cientistas utilizaram um novo algoritmo que usa aprendizado de máquina para analisar novamente os dados coletados em 2017. A equipe treinou uma rede neural para reconhecer o buraco negro e a IA realizou simulações de todos os tipos de buracos negros consistentes com as equações do físico Albert Einstein.

Sobretudo, isso permitiu reconstruir a imagem com uma maior fidelidade. Agora, com a foto mais nítida, os astrônomos podem calcular com maior precisão o tamanho do astro, bem como estudar o comportamento do material ao seu redor antes dele cair no buraco.

O buraco negro de M87 está localizado a 55 milhões de anos-luz da Terra, na direção da constelação de Virgem. Nesse sentido, estima-se que ele tem, nada menos, que 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol.

Para fotografá-lo, foi necessário combinar os dados de cinco radiotelescópios distantes entre si – localizados no Pólo Sul, Chile, Havaí e França.

Recentemente, o EHT também apresentou a primeira imagem de Sagitário A*, o buraco negro localizado no centro da nossa própria galáxia, a Via-Láctea.

O dedo brasileiro na nova foto do buraco negro

Os detalhes da pesquisa foram publicados nesta quarta-feira (13) em um artigo no The Astrophysical Journal.

Em entrevista no ano passado para o UOL, a cientista brasileira afirmou estar orgulhosa do seu trabalho. “Mais de 100 anos de trabalho teórico prevendo uma imagem, e quando ela sai, é exatamente o que foi previsto. É incrível! Fico muito orgulhosa não só da nossa equipe, mas da humanidade toda. Ciência funciona!”

Medeiros é formada em física e astrofísica, na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, além de possuir mestrado em ciências físicas e doutorado em física, ambas pela mesma instituição. Além disso, ela colabora com o EHT desde o início do projeto, sendo hoje a mulher mais jovem a liderar um estudo envolvendo a física gravitacional de buracos negros.

No Twitter, por fim, a cientista brincou com a semelhança do buraco negro com duas rosquinhas:

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