Imprecisão e má captação: estudo prova que o VAR ainda erra muito no futebol

VAR começou a ser usado em 2018 e, desde então, tem sido frequente protagonista de polêmicas no futebol
VAR
Imagem: FIFA/Reprodução

Uma pesquisa realizada pelo Dr. Pooya Soltani, da universidade de Bath, na Inglaterra, revelou as razões de o VAR não ser tão preciso em lances de impedimento. O estudo avaliou o aparato tecnológico utilizado pelos árbitros de vídeo e concluiu que as limitações dos equipamentos podem resultar em erros que impactam no resultado do jogo.

O VAR utiliza um conjunto de câmeras para identificar irregularidades durante uma partida e, de acordo com o manual da FIFA, só pode ser acionado em quatro ocasiões: lance de possível cartão vermelho, penalidade, gol, possivelmente irregular ou equivocadamente anulado, e identificação equivocada de algum jogador. O VAR pode interferir nesses tipos de lance, mas a decisão final do árbitro de campo é a que vai contar sempre.

Na pesquisa de Soltani foi utilizado um sistema de captura de movimento óptico para avaliar a precisão da tecnologia do VAR. Durante a análise, foi filmado um jogador passando a bola para um companheiro que possivelmente estava em impedimento. O desafio dos convidados era apenas determinar o momento exato do passe e se o jogador que recebe a bola estava em posição irregular.

Em média, os participantes do estudo acharam que o pé do passador teve contato com a bola 132 milissegundos depois do que de fato aconteceu. Outra descoberta foi que a taxa de acerto foi mais alta quando as imagens foram vistas dos ângulos de 0º e 90° e com as linhas traçadas.

O Dr. Soltani concluiu que, sim, de fato o assistente de vídeo ajuda o árbitro de campo, no entanto, limitações do equipamento, como baixa resolução das imagens, baixa taxa de quadros por segundo, podem contribuir para um julgamento equivocado do lance de impedimento.

Ele ressalta que, embora 132 milissegundos pareça pouco tempo, em uma partida de alta intensidade isso pode significar uma mudança no posicionamento de um jogador envolvido em um lance de impedimento, seja ele atacante ou defensor.

No Brasil, o VAR é alvo de polêmicas desde que foi implantado e já protagonizou erros inaceitáveis para os torcedores de clubes brasileiros. Nas últimas semanas, um pênalti equivocado marcado a favor do Internacional de Porto Alegre em uma partida contra o Botafogo só não virou um escândalo maior porque o clube carioca venceu a partida com uma virada emocionante.

Nas oitavas de final da Copa do Brasil, a partida entre Palmeiras e São Paulo também contou com um pênalti polêmico marcado a favor da equipe do Morumbi. O lance em questão resultou em um gol do São Paulo, que se manteve vivo e conquistou nos pênaltis vaga nas quartas de final do torneio. Um impedimento não visto na origem do lance levou a CBF a reconhecer publicamente o erro de arbitragem. Os assistentes de vídeo que trabalharam na partida foram afastados.

A solução proposta pelo estudo para melhorar a precisão do VAR em lances de impedimento é o uso de câmeras de alta resolução e alta taxa de quadros, além de tecnologia de captura de movimento, mas reconhece que a implementação desses recursos seria bem caro.

A FIFA parece ter encontrado a solução para acabar com os impedimentos equivocados, a tecnologia de impedimento semiautomático, que será usada já na Copa do Mundo do Catar. O sistema usa um chip na bola, dose câmera que monitora vinte e nove pontos no corpo dos jogadores e inteligência artificial para ajudar o árbitro de vídeo a marcar impedimentos.

Quando o sistema identifica um impedimento, é emitido um sinal luminoso dentro da cabine do VAR, que deve analisar o lance e avisar o árbitro de campo. Todos os árbitros escalados para trabalhar durante o mundial do Catar vão fazer um curso de duas semanas para aprender a lidar com a tecnologia e tirar o melhor proveito dela durante o torneio.

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Vinicius Marques

Vinicius Marques

É jornalista, vive em São Paulo e escreve sobre tecnologia e games. É grande fã de cultura pop e profundamente apaixonado por cinema.

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