Impressora 3D usa brilho de tela do smartphone para auxiliar na criação de objetos
XANGAI* – É raro ver o estande de uma startup em feiras de tecnologia ficar lotado, especialmente quando não está rolando nenhuma apresentação da tecnologia. Andando pela CES Asia, me chamou a atenção que o pequeno espaço reservado à startup ONO 3D estava lotado nas três vezes que passei por perto.
A companhia vende uma impressora 3D que utiliza a tela do smartphone como fonte de luz para a confecção dos objetos. Além disso, a escolha do projeto de impressão também é feita pelo celular.
Depois de ter um arquivo pronto ou selecionar um modelo a partir da biblioteca do aplicativo, é preciso colocar o celular na base da impressora, por baixo de uma película. Acima da película, o usuário coloca a resina e fecha a impressora, que tem um indicador de LED para avisar quando o processo terminar.
A startup diz que a impressora 3D é compatível com qualquer iPhone ou Android e promete resolução de 42 micrômetros nos eixos X e Y e 50 micrômetros no eixo Z. Uma impressão com 5,2 cm de altura leva cerca de 2 horas e 30 minutos, mas o processo pode ser mais rápido em celulares com brilho mais alto.
O smartphone fica dentro da impressora; seu brilho ajuda na confecção dos objetos
As impressões demonstradas no estande da companhia eram bem detalhados e uma rápida olhada no app mostrou centenas de modelos que podiam ser usados. Para quem manja de impressão 3D, é possível mandar o arquivo próprio que pode ou não ser compartilhado com a comunidade.
O CEO da empresa, Filippo Moroni, foi bem pragmático ao responder a utilidade da impressora: diversão. Segundo ele, trata-se de um dispositivo barato e que permite pessoas terem um primeiro contato com a impressão 3D – seja para aprender como funciona, como desenvolver modelos melhores ou simplesmente ter objetos impressos em três dimensões.
A ONO 3D custa US$ 99 e está em pré-venda nos Estados Unidos e Europa, com previsão de envio para mês que vem. As resinas custam US$ 15 e vem com 100 ml. Dez unidades da película de impressão também custam US$ 15.
Apesar da inovação e do preço relativamente acessível, principalmente tratando-se de uma impressora 3D, a companhia já se envolveu com controvérsias. A empresa, fundada em 2016, realizou uma campanha de financiamento coletivo no Kickstarter e arrecadou incríveis US$ 2,3 milhões. O início da campanha foi em março de 2018 e a promessa para os primeiros envios ficou para setembro do mesmo ano.
Mesmo com o sucesso, os produtos não foram enviados para os apoiadores, alegando desafios de logística, entre outros problemas.
A startup chegou a realizar um novo financiamento coletivo via StartEngine e estendeu sua campanha. Eles entregaram alguns modelos para apoiadores, mas um comentário de quatro meses atrás reclama dos atrasos.
Questionamos o CEO da ONO 3D via e-mail sobre esses problemas, ele disse que a empresa quase foi à falência há 8 meses por problemas de gerenciamento. No entanto, ele alega que obteve mais financiamento (inclusive vendendo itens próprios) e que entregará em breve os produtos encomendados.
*O jornalista viajou para Xangai a convite da CTA, empresa que organiza a CES Asia.