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Incêndios e outras atividades fazem com que a Amazônia piore o aquecimento global

As atividades humanas estão fazendo com que a floresta produza mais gases de efeito estufa do que ela é capaz de absorver.

Novos recordes de incêndios na Amazônia. Crédito: Carl De Souza (Getty Images)

Incêndios na Amazônia. Crédito: Carl De Souza (Getty Images)

A Amazônia tem sido motivo de preocupação há muito tempo, principalmente com as intensas queimadas nos últimos anos. Uma pesquisa realizada por mais de 30 cientistas de diversas partes do Brasil e do mundo agora está alertando para a possibilidade da região estar piorando as mudanças climáticas em vez de amenizá-las.

Publicado na Frontiers in Forests and Global Change, o artigo mostra que as queimadas, secas e as práticas para “limpar” as terras estão produzindo mais gases de efeito estufa do que a floresta é capaz de absorver. O resultado é que isso faz com que a região contribua para um aquecimento do planeta, e a preocupação dos cientistas é que essa tendência só piore com o tempo.

Muitos estudos tendem a focar nas emissões e armazenamento de CO2 ao analisar a Amazônia, já que ele representa a maior quantidade de gases emitidos pela atividade humana e, no caso das florestas, é produzido pelo desmatamento. As estimativas indicam que, até 2035, a floresta amazônica pode deixar de ser um “armazém” de carbono e se tornar uma fonte emissora do poluente.

Para piorar a situação, o gás carbônico não é o único responsável pelo aquecimento do planeta. Outros dois gases que geram preocupação são o óxido nitroso (N2O) e o metano (CH4), que apesar de não permanecerem na atmosfera por tanto tempo quanto o CO2 , são considerados gases de efeito estufa muito mais potentes. O N2O, por exemplo, concentra 300 vezes mais calor por molécula que o gás carbônico.

Nas últimas décadas, as emissões globais de metano e óxido nitroso aumentaram consideravelmente. Os gráficos abaixo, apresentados pelos pesquisadores no artigo, ilustram como as alterações causadas pela atividade humana nas florestas podem contribuir para esse desequilíbrio. Alguns dos exemplos de práticas altamente prejudiciais incluem a intensificação da agricultura e pecuária, a extração de madeira, a construção de barragens e, é claro, as queimadas.

Fluxos pré-perturbação (A) e pós-perturbação (B) em escala local. Crédito: Covey et al., Frontiers in Forests and Global Change, 2021.

Como se isso não bastasse, a destruição de milhares de quilômetros quadrados de floresta modificam o solo e os padrões de chuvas na região, o que aumenta a quantidade de luz solar que a Amazônia reflete (em vez de absorver) de volta para a atmosfera, que já está repleta de gases de efeito estufa.

Os pesquisadores reconhecem que a ausência de dados de algumas partes da Amazônia, principalmente devido aos sistemas fluviais e características únicas da região, podem interferir nos resultados. Ainda assim, as informações coletadas até o momento são evidências mais que suficientes de que são necessárias medidas urgentes para salvar a floresta e reverter o cenário atual.

[Science Alert]

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