Ingrediente de cogumelo alucinógeno está mais próximo de se tornar tratamento para depressão nos EUA

Uma outra empresa recebeu autorização para usar psilocibina, principal ingrediente presente ee cogumelos alucinógenos, para tratar depressão.
Cogumelos alucinógenos
AP

Um futuro em que um ingrediente chave dos cogumelos alucinógenos chamado psilocibibna é usado regularmente para melhorar a nossa saúde mental não está muito longe. Neste mês, a FDA (Food and Drug Administration) concedeu uma designação de “terapia inovadora” a uma empresa sem fins lucrativos que desenvolve psilocibina como tratamento para depressão clinica. O rótulo destina-se a acelerar o processo de revisão necessário para aprovação.

Já na década de 1970, alguns terapeutas usaram os efeitos que alteram a mente de compostos alucinógenos, como a psilocibina, para tratar a depressão ou a ansiedade de seus pacientes (geralmente junto com a terapia convencional). Mas, à medida que esses compostos se tornaram drogas recreativas populares, governos de todo o mundo proibiram totalmente o uso, inclusive em ambientes médicos.

Ao longo dos anos, porém, os defensores convenceram lentamente as agências reguladoras, como a FDA, a reconsiderarem suas posições, especialmente dada a falta de opções disponíveis para pessoas que não respondem a antidepressivos típicos — que pode atingir 55% de todos os pacientes.

Os ensaios clínicos mais recentes da psilocibina têm se concentrado em casos mais desafiadores de depressão ou em ajudar pessoas que vivem com doenças graves como o câncer a processar sua ansiedade. No ano passado, por exemplo, a FDA concedeu o título de “terapia inovadora” à empresa Compass Pathways para o desenvolvimento da psilocibina como medicamento de último recurso para depressão resistente ao tratamento

Mas a nova designação, dada à organização Usona Institute, com sede em Wisconsin (EUA), é ainda mais significativa, pois é para o desenvolvimento da psilocibina como tratamento padrão para a depressão clínica, também conhecida como de TDM (transtorno depressivo maior).

“O que é verdadeiramente inovador é o reconhecimento legítimo da FDA de que a TDM, não apenas a população muito menor com depressão resistente ao tratamento, representa uma necessidade médica não atendida e que os dados disponíveis sugerem que a psilocibina pode oferecer uma melhora clínica substancial em relação às terapias existentes”, disse Charles Raison, diretor de pesquisa clínica e translacional da Usona, em um comunicado divulgado pela companhia.

Embora uma designação de terapia inovadora acelere a rapidez com que a FDA trabalhará na revisão de dados de pesquisas clínicas e tomará uma decisão sobre uma possível aprovação, não espere que os cogumelos mágicos acabem rapidamente na prateleira do seu terapeuta.

Atualmente, a Usona está recrutando paciente para o seu ensaio clínico de fase 2, que espera começar a todo vapor no próximo ano. Mas mesmo que o estudo seja bem sucedido, ainda será necessário um estudo de fase 3 maior (e de preferência pelo menos dois para novos medicamentos típicos) antes que a FDA aprove a psilocibina para depressão clínica.

A Compass Pathways, a companhia que está trabalhando no maior ensaio clínico de psilocibina para depressão resistente ao tratamento, disse que espera levar a psilocibina ao mercado nos próximos cinco ou dez anos. Em outros lugares, o movimento para legalizar o uso de cogumelos alucionógenos no atacado nos EUA também ganhou força; Oakland seguiu a liderança de Denver para se tornar a segunda cidade dos EUA a descriminalizar seu uso em junho.

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