Bolsonaro quer incluir redes sociais e novas punições no Marco Civil da Internet
Durante um evento promovido pelo Ministério das Comunicações na quinta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo prepara um decreto para regulamentar o Marco Civil da Internet. Bolsonaro não deu detalhes de como pretende fazer isso acontecer, apenas comentou que as mudanças devem atingir principalmente no funcionamento das redes sociais no Brasil.
“Faremos isso [editar o decreto] para que o povo brasileiro tenha liberdade de saber o que acontece de verdade, pelas mídias sociais, que têm papel excepcional no Brasil, inclusive na minha eleição”, declarou Bolsonaro no evento desta quinta, que serviu para a ativação da primeira antena 5G padrão standalone no País. O evento também teve participação do ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Bolsonaro também disse que ele e seus apoiadores são constantemente cerceados pelas redes sociais, em especial porque muitas de suas publicações e os políticos da base aliada são classificadas como informações falsas.
Com as possíveis mudanças na lei sancionada pela ex-presidenta Dilma Rousseff em 2014, Bolsonaro deixa claro que pretende usar as plataformas sociais para insistir no seu formato de divulgação de notícias, já que, segundo ele, suas redes sociais são as que geram mais interação no mundo todo. Além disso, o presidente deseja alterar a lei já existente sem consultar o Congresso Nacional.
Lembrando que Bolsonaro e seu governo estão no foco da CPI da Covid-19 que, entre as principais discussões, vai investigar a divulgação de notícias falsas em relação ao vírus, vacinas e ao “tratamento precoce” — este último algo que os cientistas afirmam repetidas vezes não existir.
Entre as postagens mais recentes de Bolsonaro bloqueadas pelas redes sociais está um vídeo publicado no Facebook no último dia 26 de abril de 2021, em que o presidente comparava a forma como a imprensa brasileira e estrangeira comparou seu discurso no Fórum Econômico Mundial de 2019. No vídeo em questão, Bolsonaro declarou que quem não lê jornal está desinformado, e quem lê também. Por esse comentário, o Facebook classificou o conteúdo como “notícia falsa” e tornou o vídeo restrito.
Também em abril deste ano, no dia 20, Bolsonaro teve um vídeo removido de seu canal no YouTube depois que a plataforma começou a remover conteúdos que recomendassem medicações comprovadamente ineficazes contra Covid-19. O vídeo mostrava Bolsonaro defendendo o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, que já tiveram sua eficácia contra a doença descartada pela comunidade médica e científica.