Jean-Luc Godard, cineasta francês que morreu nesta terça-feira (13) aos 91 anos, foi um dos pioneiros no movimento Nouvelle Vague e inaugurou uma nova era no cinema moderno.
Ao longo de 60 anos de carreira, Godard lançou mais de 40 longas-metragens, além de curtas, documentários, ensaios cinematográficos e clipes musicais. Era considerado por muitos um gênio criativo, inquieto e polêmico.
“Jean-Luc Godard morreu pacificamente em casa, cercado por entes queridos”, escreveu sua esposa, Anne-Marie Mieville, e produtores em comunicado à imprensa francesa. Não haverá cerimônia oficial e o cineasta será cremado na Suíça.
A família informou ao jornal francês Liberation que Godard recorreu ao suicídio assistido. “O Sr. Godard recorreu à assistência jurídica na Suíça para a saída voluntária por conta de múltiplas patologias incapacitantes”, explicou seu assessor, Patrick Jeanneret.
💬 𝗧𝗖𝗛𝗔𝗧 | « Godard avait de l'humour ❤️
A foison. Ravageur et éclairant à la fois. Redoutable et redouté pour cela. L’homme avait de l’esprit. »
📸1987, Afp. pic.twitter.com/XoeDi5cq3C
— Le Monde (@lemondefr) September 13, 2022
Quem foi Godard
Retratado na música “Eduardo e Mônica”, da banda brasileira Legião Urbana – “O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver um filme do Godard…” –, o cineasta deu início ao movimento Nouvelle Vague, na França, na década de 1950.
Junto com outros jovens cinéfilos, como François Truffaut, Claude Chabrol e Jacques Rivette, que também se tornaram diretores mais tarde, Godard integrou a vanguarda de um cinema que privilegiava a estética, planos e sequências para contar histórias.
O movimento Nouvelle Vague, ou New Wave (Nova Onda), incluía cenas com cortes bruscos, câmera na mão e diálogos existenciais. Esse conceito era o contrário da “direção invisível”, então popular nos filmes de Hollywood.
Godard nasceu em 3 de dezembro de 1930, em Paris. Filho de pai médico e mãe herdeira do Banque Paribas – um ilustre banco de investimentos à época –, cresceu no luxuoso bairro Sétimo Arrondissement, na capital francesa.
Ali, teve acesso a diversas obras primas do cinema, pintura e literatura. Desde cedo, demonstrou insatisfação com filmes monótonos e convencionais – uma semente do que seria, mais tarde, a Nouvelle Vague.
O jornal francês Le Monde classificou o cineasta como um “artista de temperamento romântico” e “inventor da beleza como nenhum outro”. “Gênio da provocação e autodestruidor enfurecido, doador e tomador de golpes, era um cineasta ora adorado ora odiado”, diz seu obituário.
Relembre as obras
Desde seu primeiro longa, “Acossado” (1960), foram mais de 100 filmes em quase 60 anos de carreira. Além da estética característica do movimento New Wave, Godard também recorreu às pautas políticas em seu cinema. Uma obra clássica neste sentido é “O Pequeno Soldado” (1963), que retrata a guerra da Argélia.
Pouco antes Godard conhece Anna Karina, sua primeira esposa e musa que o inspira em outras obras célebres, como “Uma mulher é uma mulher” (1961), “Viver a vida” (1962), “Banda à parte” (1964) e “Alphaville” (1965). Outra grande obra inclui os astros Brigitte Bardot e Michel Piccoli em “O Desprezo” (1963).