Kindle Fire HDX: os tablets da Amazon ficaram mais rápidos e melhores
Os novos Kindle Fire chegaram. E eles são impressionantes. O Kindle Fire HDX, em versões de 7 e 8,9 polegadas, traz melhorias na tela, processador, RAM, software e acabamento em relação ao Fire HD anterior. E tudo isso sem entrar no mérito do insano novo recurso de suporte que a Amazon sempre sonhou. Mas será que tudo isso é suficiente para mudar sua reputação de tablet “barato”? Talvez.
Após um rápido hands-on, dá para dizer que eles são rápidos (bem mais rápidos que os modelos do ano passado), leves, bem construídos e chegam bem próximos do ideal que a Amazon definiu há um ano: produtos premium por preços não-premium. Mas eles ainda têm um gostinho familiar.
Preço e Brasil
A primeira coisa a se saber sobre a linha Fire HDX é o preço. O modelo de entrada, com tela de 7 polegadas, custa US$ 230. O de 8,9, US$ 380. Eles vão para US$ 330 e US$ 480 com 4G LTE. É bastante, mas lembre-se que o Fire HD do ano passado está disponível por US$ 140 — basicamente o preço de um Kindle Paperwhite convencional.
Tentamos simular a compra de um Kindle Fire HDX por aqui e… não deu. Mesmo após a massiva expansão para 170 países da linha Kindle Fire, em maio, o Brasil continua desassistido no que tange ao tablet da Amazon. Uma pena, porque os novos Fire HDX são bem legais.
Hardware
Em alguns momentos, o Fire do ano passado parecia uma mistura de peças baratas. Não desta vez. Agora, o Fire HDX não deixa muito espaço para críticas em relação ao seu hardware.
Antes de entrarmos nas mudanças internas, falemos das mudanças visuais dos tablets. Eles são… ahn… trapézios. É provavelmente forçar a barra chamá-los de bonitos, mas são agradáveis o bastante para serem enccarados e definitivamente muito sólidos.
E eles são mesmo — criados a partir de um corpo de magnésio moldado, que a Amazon aperfeiçoou este ano para remover a moldura intermediária, o que torna o HDX (especialmente a versão de 8,9 polegadas com 374g) parecer incrivelmente leve. Para referência, o iPad 4 de 9,7 polegadas pesa 653g — quase o dobro. O HDX de 8,9″ talvez seja o tablet mais leve que já seguramos (na divisão dos que não usam plástico). Na realidade, “leve” talvez seja errado — a remoção de peso chegou a um ponto de equilíbrio. O que significa que dá para segurá-lo confortavelmente com uma mão e isso é suficiente, mais ou menos, para livrar-se do plástico horrendo no topo da parte de trás.
O grande ponto fraco do HD era provavelmente os processadores TI OMAP encontrados em ambos os modelos. Eles eram lentos. Então, para o HDX, a Amazon optou por um moderníssimo Snapdragon 800 quad-core de 2,2 GHz. Ele (e a migração para o Android 4.2.2 Jelly Bean) faz com que a variação Android dos novos tablets voem comparados aos de desempenho modesto do ano passado. Essa melhoria era necessária, especialmente graças à interface em carrossel graficamente intensiva que ainda está presente, só que agora com mais pixels para exibir. Outra mudança significativa foi a atualização para 2 GB de RAM, em vez de apenas 1 GB do modelo anterior.
Outra melhoria notável se deu nos botões. Você consegue encontrá-los de fato agora. Em vez dos botões completamente nivelados do Fire HD, o HDX tem um botão de liga/desliga circular do lado esquerdo, e os de volume à direita. Eles ainda não têm muita altura, mas não de uma forma que os tornam impossíveis de serem encontrados no escuro, ou mesmo com luz se você não tiver ideia de onde eles estão.
As telas melhoraram também. A versão de 7 polegadas foi de 1280×800 para 1920×1200, e a de 8,9 polegadas chega a 2560×1600. Isso se traduz em 323 e 339 PPI, respectivamente, um belo ganho em relação às densidades de 216 e 254 PPI do ano passado. (O iPad tem 264, e o Nexus 10, 300.) Elas são brilhantes, também — ambas têm fontes de luz de 400 nits, o que é bom já que telas muito densas podem ficar mais escuras. Os ângulos de visão são excelentes à primeira vista, mas é o desempenho das cores que se sobressai. A Amazon alega 100% de precisão das cores (baseada no sRGB), e é fácil acreditar nisso. Nós gostamos muito das cores no HD do ano passado, mas as telas desse ano são realmente ótimas.
No que diz respeito à bateria, a Amazon promete 11 horas, uma a mais que a promessa para os modelos de 2012. O que é interessante, considerando o ganho em resolução da tela e brilho — quanto mais brilhante a tela, mais bateria ela consome. A Amazon diz que a eficiência vem do uso de um novo painel — não muito diferente das telas Igzo, da Sharp — que permite mais luz através dos pixels, mesmo em altas densidades. O modo de leitura usa ainda menos energia, e a Amazon eleva a estimativa de autonomia para 17h de leitura graças aos modos de energia otimizados para processador e memória.
“Mayday”
Ok, agora vem a parte maluca. Deixando de lado as melhorias em hardware, a grande novidade à linha Kindle Fire deste ano é o novo botão Mayday.
O Mayday é, de modo simples, um botão que aparece no painel de configurações no topo da tela do Fire. Você aperta o botão, e um pequeno quadrado surge na tela indicando que você está na fila de espera do Mayday. Alguns segundos depois, a cabeça de uma pessoa aparece dizendo “olá!” e perguntando como ele ou ela pode ajudá-lo. É, talvez, a coisa mais conveniente e incrível e potencialmente esquisita e certamente audaciosa dos últimos tempos.
O atendente pode falar com você (seu microfone fica ativo, mas a câmera não) e guiá-lo pela tela. Eles conseguem ver tudo o que está na tela, como você, e desenhar linhas ou setas, circular coisas ou mesmo interagir com menus eles próprios se você autorizá-los. O atendente-técnico pode ir além e aumentar/diminuir o volume, entrar na sua coletânea de música para mostrar onde encontrar alguma coisa… literalmente qualquer coisa.
Os detalhes relacionados à segurança são um tanto vagos — vimos que o vídeo é pausado quando senhas estão sendo inseridas –, mas não fica claro se você pode restringir o conteúdo que um operador do Mayday é capaz de ver, como emails do trabalho ou seus livros de 50 Tons de Cinza ou fotos constrangedoras/íntimas.
Para ser claro, isso é extremamente ambicioso, e o CEO Jeff Bezos disse que a Amazon espera ser inundada por chamadas quando o HDX for lançado (e mais ainda nas festas de fim de ano), mas no geral ele espera responder cada pergunta em 15 segundos. Você terá que esperar apenas 15 segundos para ter um humano de verdade falando contigo, sobre qualquer coisa que quiser — e não para convencer um sistema computadorizado de que você realmente precisa de ajuda. E, certamente, não para agendar uma sessão em um Genius Bar. Por mais bobo que isso pareça (e, ao vivo, é bem bobo, especialmente se você não sabe o que esperar), tal recurso pode mudar a forma com que os serviços de atendimento ao cliente funcionam.
Software
Ano passado, o consenso foi de que o Fire HD era um bom dispositivo para consumo de mídia, mas se você quisesse algo mais, boa sorte. A Amazon quer mudar isso agora. Ela fez algumas adições significativas (e muito, muito tardias) ao Fire OS (vamos chamar o sistema assim?), talvez o bastante para pesar contra o iOS, Android e até o Windows Phone em termos de produtividade.
O Fire OS 3.0 foi praticamente reescrito em relação ao do ano passado, e agora roda no Jelly Bean 4.2.2. É uma graaaaaaande atualização em relação ao 2.0, que rodava sob o Ice Cream Sandwich, e combinada à melhoria em hardware do HDX, faz o conjunto rodar muito mais suavemente que o modelo passado. Os jogos parecem legais, e renderizam bem na tela, mas não tivemos a oportunidade de estressá-lo o tanto quanto gostaríamos, carregando vídeos pesados ou apenas entrando e saindo rapidamente de apps. Quando tivermos mais tempo a sós com os novos tablets, veremos melhor esse detalhe.
Você também pode deslizar o carrossel principal para cima e se deparar com o tradicional grid de ícones. Em vez de ter apenas apps e pastas como no iOS, dá para fixar livros, filmes, shows, documentos ou qualquer coisa que você queira, mais ou menos como no Windows Phone, mas com menos informações à vista.
Outras melhorias incluem emails agrupados e, enfim, estrelas e rótulos no Gmail, além de opções adicionais para sincronização da agenda. Também há um punhado de novas opções de segurança para clientes corporativos.
E essa não seria uma atualização de software da Amazon se não viesse com algumas coisas muito legais no papel, mas que não serão muito usadas. Aqui, é o Raio-X para Música, que mostra a você todas as letras das músicas que estiver ouvindo e permite pukar para certas seções. O Raio-X para filmes melhorou, trazendo curiosidades do IMDB e as músicas que tocam em determinadas cenas (ou no filme inteiro) acrescentadas à camada que sobrepõe o vídeo. O Raio-X é, como sempre, muito legal, útil e um negócio que a maioria de nós se esquece na maior parte do tempo, mas usa por cinco horas seguidas quando se lembra.
O Fire OS 3.0 também traz multitarefa — e já era hora! Você chega a ela arrastando o dedo a partir da lateral direita da tela (ou de baixo no modo retrato, o que parece bem confuso), podendo ver os últimos itens abertos. Diferente de outras multitarefas, porém, essa tem como referencial o conteúdo, não os apps. Isso significa que você verá vários livros, ou muitos filmes, em vez de apenas os apps de leitura e visualização de vídeos. É uma sacada esperta para algo tão usado para leitura e vídeos como o Kindle Fire.
Ímãs!
Ah, e temos uma nova capa! Uma que é boa de verdade. No passado, as capas do Kindle Fire eram legais pelo que eram, mas muito complicadas em comparação à Smart Cover, e um inferno para tirar o tablet de dentro delas. As novas, chamadas Capas Origami, funcionam com ímãs. O que é bem conveniente se você usa o tablet sem capa em casa, mas não quer jogá-lo na mochila sem proteção alguma.
Elas também se dobram para formar um suporte, tanto em modo retrato, quanto em paisagem.
O que ficou estranho
O sensor de luz ambiente (geralmente usado para diminuir o brilho em ambientes escuros e elevá-lo quando há muita luz) agora controla também o contraste da tela quando ele sente que há luz do sol. Na demonstração que vimos (com uma luz artificial, já que luz do Sol é item raro em Seattle), ele alterou o brilho naturalmente com o aumento da incidência de luz. Parece um bom toque para situações ensolaradas, mas provavelmente não o bastante para tornar o uso de um tablet sob o Sol uma boa ideia.
Também há uma nova câmera atrás. Tem 8 megapixels e chamá-la de “medíocre” é, talvez, muita generosidade. As rápidas fotos que fiz no evento da Amazon pareceram bem granuladas. Mesmo a Amazon parece confusa sobre os motivos que alguém teria para querer uma câmera atrás de um talbet. (Embora, achemos, existam alguns!)
Agora vai?
O Fire HDX é sem dúvida uma peça de hardware de ponta. Mas o software não é exatamente o que a maioria das pessoas espera de dispositivos móveis. Ele gira em torno de conteúdo, como a Amazon diz, mas é ineficiente em alguns aspectos. Teremos que esperar para ver se as melhorias aqui (e no desempenho em geral) são boas o bastante para colocar o HDX um passo a frente do espaço ocupado pelo HD. Mas, por ora, o que era bom ficou melhor, e o que era terrível ficou menos ruim.