O sono e os sonhos, elementos universais da experiência humana, têm sido objeto de indagação científica há cerca de um século. Para tentar desvendar os mistérios do sono, o livro “Mapping the Darkness”, do jornalista Kenneth Miller, busca revelar a história do campo científico e desta subespecialidade médica.
A obra destaca como pesquisadores visionários moldaram essa disciplina, revelando não apenas a ciência do sono, mas também os aspectos mais profundos da condição humana. O livro, pelo menos por enquanto, não está disponível em português.
Nele, Miller demonstra como o desconhecimento predominava há um século e como descobertas significativas surgiram do encontro entre acasos históricos, genialidade e determinação.
Obra destaca os pesquisadores do sono
A narrativa tem início com Nathaniel Kleitman, nascido na Rússia em 1895. Kleitman buscava respostas para questões aparentemente insolúveis sobre o sono humano.
Sua jornada, desde as dificuldades enfrentadas na Rússia até os avanços como pesquisador do sono na Universidade de Chicago (EUA), ilustra a determinação que impulsionou esses pioneiros.
Livro conta a história da pesquisa sobre o descanso. Imagem: Freepik/Reprodução
Um artigo da revista Nature destaca que o ponto de virada na pesquisa do sono ocorreu na década de 1950, quando o aluno de Kleitman, Eugene Aserinsky, identificou padrões de atividade cerebral e movimentos oculares durante o sono REM, a fase mais profunda do nosso descanso.
Essa descoberta marcou o início da consolidação da pesquisa como uma disciplina séria. O livro destaca não apenas os triunfos, mas também as lutas pessoais desses cientistas. William Dement, influenciado pelos ensinamentos de Freud, enfrentou desafios semelhantes aos de Kleitman para garantir financiamento e reconhecimento à pesquisa do sono.
Mary Carskadon, uma destacada pesquisadora que desenvolveu medidas inovadoras de sonolência, expandiu o campo para incluir o estudo com crianças.
A última seção da obra aborda a transformação do estudo do sono em uma disciplina médica. Colin Sullivan, em 1970, revolucionou o entendimento da apneia obstrutiva, desmistificando concepções anteriores sobre a condição. Suas contribuições, como a terapia de pressão positiva nas vias aéreas, representaram avanços fundamentais na abordagem de distúrbios do sono.
O livro destaca não apenas a ciência do sono, mas também presta homenagem aos pioneiros que, destemidamente, indagaram sobre o que se esconde nas sombras da noite.