Macacos de cauda de porco na Malásia amam visitar as plantações de dendezeiros (ou óleo de palma), onde eles acham um monte de frutas para se alimentarem. Apesar dos danos às plantações, estes macacos na verdade fazem mais bem do que mal devido à predileção deles por uma praga ainda pior: os ratos.
Uma nova pesquisa publicada nesta segunda-feira (21) no Current Biology mostra que os macacos de cauda de porco (Macaca nemestrina) têm sido criticados por seu papel na destruição de plantações de dendezeiros. Como o estudo mostra, os danos infligidos às culturas por esses macacos são realmente mínimos. Além disso, sua presença nas plantações é realmente benéfica, pois os macacos de cauda de porco ativamente buscam e consomem ratos.
O óleo de palma é amplamente consumido como óleo vegetal, encontrado em alimentos processados. Na Malásia, principal produtor de óleo de palma, a produção anual é de cerca de 19,5 milhões de toneladas, representando 30% da produção mundial, de acordo com uma nova pesquisa, liderada por Anna Holzner da Universidade de Lepizig e pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig.
Para o novo estudo, Holzner, juntamente com a co-autora Nadine Reuppter da Universidade Sains Malaysia e seus colegas, estudaram o comportamento de dois grupos de macacos de causa de porco que vivem na Reserva Florestal Segari Melintang da Malásia e na plantação dendezeiros de janeiro de 2016 até setembro de 2018. Eles esperavam aprender sobre os possíveis impactos na plantação pelos macacos, que são considerados pragas.
“Aqui, nós apresentamos os primeiros dados sobre os danos nas plantações de óleo de palma e seus efeitos nos ratos das plantações”, escreveram os autores no artigo.
A plantação, de acordo com o periódico científico, representava cerca de um terço da área total habitada pelos macacos, e os macacos passavam uma média de cerca de três horas por dia lá. Como se suspeitava, os macacos de cauda de porco comiam grandes quantidades de frutos de dendezeiros, totalizando 12,4 toneladas por ano. Isso certamente parece muito, mas representa meros 0,56% da produção total de óleo de palma na área doméstica dos macacos.
Os ratos, por outro lado, infligiram muito mais danos, causando uma perna de 10% de óleo de palma. Isso significa que os ratos são quase 18 vezes piores que os macacos, mas essa não é a história toda, pois os macacos com cauda de porco mostraram ser capazes de reduzir a população de ratos em mais de 75%. Isso significa que os agricultores devem considerar seriamente substituir venenos químicos por macacos — não é uma má ideia, uma vez que os rodenticidas são caros, ineficientes e prejudiciais a outros animais silvestres e ao meio ambiente.
“Fiquei surpreso quando observei pela primeira vez que os macacos se alimentam de ratos nas plantações”, disse Rupert em um comunicado à imprensa. “Eu não esperava que caçassem esses roedores relativamente grandes ou que eles comessem tanta carne. Eles são amplamente conhecidos por serem primatas (que comem frutas) que apenas ocasionalmente se deleitam com pequenos pássaros ou lagartos”.
Para capturar os ratos, os macacos os procuram dentro das cavidades do tronco de palma, onde os roedores procuram abrigo durante o dia. Um único grupo de macacos de cauda de porco pode arrebatar 3.000 ratos por ano, de acordo com a pesquisa.
Os cientistas estimam que os macacos poderiam potencialmente reduzir o dano causado por ratos de 10% para 3%. São necessários US$ 602 mil por ano adicionais para preservar o local, segundo o estudo.
Atualmente, os macacos de cauda de porco são listados pela União Internacional para Conservação da Natureza como uma espécie vulnerável, principalmente devido à perda de habitat; atualmente, as plantações de palma cobrem quase 190 mil quilômetros quadrados de terra em todo o mundo.
Mas como mostra a nova pesquisa, seria do interesse dos agricultores preservar essa espécie e suas florestas. Os pesquisadores dizem que os macacos de cauda de porco são uma forma viável de controle de pragas ambientalmente amigáveis e que as plantações devem estabelecer corredores da vida selvagem que conectam florestas e plantações.
Ah, e se você acha que os macacos comedores de ratos são estranhos, observou-se que os chimpanzés no Parque Nacional Loango do Gabão comem tartarugas. Então sim, primatas não são exatamente o que você chamaria de comedores exigentes.