Você também acha que a vida dos cachorros é muito curta? Então fique de olho no projeto Dog Aging, programa que lidera pesquisas nos EUA para aumentar a longevidade do melhor amigo do homem.
O projeto acompanha o processo de envelhecimento de milhares de cães de pelo menos 40 mil tutores inscritos. Todos os participantes fornecem o histórico médico dos animais e participam de pesquisas anualmente, mostrou reportagem do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês).
O objetivo é encontrar pistas biológicas que ajudem a identificar quais cães têm risco de desenvolver doenças no futuro –e, eventualmente, descobrir medicamentos para prevenir e/ou tratar essas condições. Outro indicativo é saber qual “estilo de vida” favorece a longevidade dos cachorros.
Agora os pesquisadores testam o remédio rapamicina, também conhecido como sirolimus, um importante imunossupressor. Estudos comprovaram que a droga foi capaz de prolongar a vida de moscas, vermes e camundongos em laboratório.
A hipótese é que esse medicamento imita os efeitos da restrição calórica –um indicativo para aumentar a vida de várias espécies, como mostrou esse outro estudo do MIT em 2009.
“Estou convencido de que algumas das intervenções que sabemos prolongar a vida e saúde de ratos funcionarão em cachorros”, disse Matt Kaeberlein, vice-diretor do Dog Aging e pesquisador do envelhecimento na Universidade de Washington em Seattle. A equipe do projeto já começou a testar o medicamento em cães com sete anos ou mais.
Como a pesquisa ainda é inicial, a equipe busca 580 cães para realizar um teste clínico maior. O objetivo é analisar cães sob os efeitos da rapamicina e medicamentos placebos por um ano e, depois, ver como isso repercutiu na saúde –e vida –desses animais.
Ajuda no envelhecimento humano
A tendência é que o estudo do envelhecimento dos cachorros também ajude a desenvolver medicamentos que prolonguem a vida… dos humanos. É o que pretende a startup de biotecnologia Loyal, outro projeto que quer aumentar a longevidade canina.
A startup procura por marcadores epigenéticos (grupos químicos ligados ao DNA que controlam como os genes produzem proteínas) para tentar entender a “idade biológica” dos organismos dos animais.
A partir disso, quer lançar os testes clínicos de dois medicamentos: LOY-001 e LOY-002. O primeiro seria um implante destinado a cães maiores e o outro é um remédio semelhante à rapamicina.
A questão é: se der certo em cachorros, esses tratamentos também poderão ser testados em pessoas, segundo a chefe da startup, Celine Haliua.
Isso porque os cães fornecem um modelo melhor que camundongos para estudar o envelhecimento humano. O motivo é bem simples: eles compartilham do mesmo ambiente, desde o mesmo ar até a mesma água, alimentos e pesticidas.
Outra semelhança é que cães também desenvolvem doenças relacionadas à idade, assim como os seres humanos. Tanto nós como eles enfrentamos uma queda no sistema imunológico e doenças renais conforme ficamos mais velhos. A diferença é que cães envelhecem muito antes –quase 7 vezes mais rápido que os humanos.
E, claro, o processo tem diferença levando em conta o porte dos cachorros. Animais maiores tendem a envelhecer (e morrer) mais rápido, enquanto animais menores tendem a viver mais.
Por isso aquela informação de que o ano de um cachorro equivale a 7 anos humanos não é 100% verdadeira: na maioria das vezes, o porte e o ambiente é que determinam a longevidade dos cães.