Este “mapa da vida” consegue indicar a localização de espécies desconhecidas

Mapeamento de locais onde descobertas são mais prováveis contou com participação de Mário Moura, biólogo da Universidade Federal da Paraíba.
Um orangotango na Indonésia, um dos hotspots de biodiversidade descritos pela equipe de pesquisa. Foto : CHAIDEER MAHYUDDIN/AFP via Getty Images (Getty Images)
Um orangotango na Indonésia, um dos hotspots de biodiversidade descritos pela equipe de pesquisa. Foto : CHAIDEER MAHYUDDIN/AFP via Getty Images

Nove anos atrás, uma equipe de ecologistas de Yale montava o Map Of Life (MOL), um projeto que mostrou padrões de biodiversidade no contexto geográfico. Basicamente, ele é um mapa de calor sobre a vida animal. Mas agora, eles deram mais um passo adiante: estão mapeando os locais onde a existência de espécies ainda desconhecidas é mais provável, na esperança de que esses animais possam ser documentados antes que desapareçam.

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A pesquisa da equipe foi publicada nesta segunda-feira (22) na revista Nature Ecology & Evolution. Eles pegaram mais de 32 mil espécies de quatro classes biológicas diferentes (anfíbios, répteis, mamíferos e pássaros) para calcular que tipos de vida que ainda não foram descobertos. Os resultados sugerem que uma grande quantidade permanece não catalogada na Terra, especialmente no sudeste da Ásia e no noroeste da América do Sul.

“Ao usar modelos para identificar fatores biológicos e ambientais de descobertas recentes, podemos fazer previsões bastante confiáveis ​​sobre qual proporção das descobertas futuras pode ocorrer em grupos razoavelmente grandes de espécies, como famílias de anfíbios, e em regiões, como o bioma Mata Atlântica no Brasil”, disse o coautor Walter Jetz, biólogo da Universidade de Yale, por e-mail ao Gizmodo. “Conforme rodamos esses modelos para todo o mundo e entre os principais grupos de vertebrados terrestres, isso oferece uma base intrigante para identificar lacunas e oportunidades para descobertas futuras.”

Mapear o “potencial de descoberta” desses animais incentiva as equipes de pesquisa a olhar especificamente para áreas onde é mais provável encontrar animais nunca antes registrados, disseram os autores. O resultado do mapeamento pode ser visto aqui.

“Esperamos mudar o foco de questões como ‘Quantas espécies desconhecidas existem por aí?’ para ‘Onde e quais?’”, disse Mario Moura, autor principal da pesquisa e biólogo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “É impressionante ver a importância das florestas tropicais como berços de descobertas, reforçando a necessidade urgente de proteger as florestas tropicais e interromper as taxas de desmatamento se quisermos ter a oportunidade de realmente descobrir nossa biodiversidade.”

Moura disse que estimativas anteriores de descobertas de espécies são calculadas anualmente desde 1758, o ano em que Carl Linnaeus deu início às nomenclaturas binomiais. No entanto, elas só contêm o número de espécies. Esta abordagem não leva em consideração fatores importantes como o habitat ou o tamanho das espécies. Por isso, não é de se admirar que o nano-camaleão de Madagascar tenha sido catalogado apenas neste ano.

O desmatamento e os incêndios na Amazônia são uma grande ameaça para as espécies locais. Foto: Foto de JOAO LAET/AFP via Getty Images (Getty Images)

No entanto, quantificar a biodiversidade em termos geográficos focados no futuro, sabendo que vale mais a pena investigar Madagascar do que a Nova Zelândia, por exemplo, serve como uma heurística para a busca de espécies não descobertas e criticamente ameaçadas de extinção. Esse é o caso do Popa langur, uma espécie de macaco em Mianmar — também um hotspot de biodiversidade na avaliação mais recente da equipe.

É lamentável que os humanos tenham favorecido ganhos industriais que resultam em perdas para a vida selvagem. Mesmo nos confins mais remotos do planeta, a humanidade encontra uma maneira de causar um impacto negativo.

Mas é exatamente por isso que existe este projeto: para ter uma noção do que está lá fora, antes que nenhum registro permaneça, disseram os autores.

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“É um projeto fascinante, que reúne uma infinidade de conjuntos de dados sobre a distribuição das espécies e nos permite conhecer melhor os padrões de biodiversidade no planeta”, disse Moura. “Esperamos motivar cientistas, cidadãos e entusiastas da biodiversidade sobre a importância da descoberta de espécies e iniciar discussões e acordos entre os responsáveis ​​pelas tomadas de decisões e projetos de conservação.”

Embora as estimativas da equipe não sejam precisas, a ideia é que tais previsões promovam abordagens específicas para futuras descobertas de campo. Em outras palavras, eles querem trabalhar de forma mais ágil para encontrar espécies desconhecidas que possam estar em perigo.

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